sábado, 18 de setembro de 2010

O mito da carga tributária brasileira

Nossa classe média adora reclamar dos pagamentos de impostos e tem o hábito de declarar que o Brasil tem a “maior carga tributária do mundo”. Confesso que me sentindo cansado com essa ladainha e sabendo da mentira desse argumento, busquei algumas fontes e cheguei aos seguintes resultados práticos: O Brasil possui a 8a. Riqueza (econômia) do mundo, a 56a. estrutura econômica no mundo (segundo o banco Mundial) e a 14a, carga tributária do mundo, a maior entre os BRICs (bloco dos países em desenvolvimento), onde ele é a segunda econômia, atrás da China (segunda do mundo) que tem a 24a. Economia do mundo e a maior da América Latina, pouco acima da Argentina. Por renda per capita, o Brasil é o 24o. Do mundo, ou seja, atrás da Russia, Uruguai, México e Chile a frente de China (com eles a concorrência é desleal, é verdade), Argentina, India e Colombia.


Realmente, nosso sistema tributário é confuso e reincide sobre o consumo e não sobre a renda, como é feito na maioria dos países que estão a nossa frente nesse ranking. Ou seja, nosso problema não é a carga tributária, mas como ela é cobrada, pois em um notebook como o que eu escrevo esse artigo, o imposto reincidente no preço dele é de 238%, ou seja do preço dele, quase três quartos são de impostos. Já nosso imposto de renda tem a maior faixa de 27,5% e com dezenas de artíficios de descontos e insenções (por exemplo planos de saúde, cursos e até patrocínios culturais e esportivos são deduzidos do imposto de renda). Nossa constituição diz que educação, saúde, lazer, cultura entre outros serviços sociais são obrigação do estado. Isso precisa de dinheiro. Nunca podemos nos esquecer o que é um estado/governo: um paralelo, nossos amigos da rua resolvem montar um time de futebol para o lazer no fim-de-semana, somos quinze pessoas, elegemos um como caixa e calculamos os gastos com quadra, transporte, bola, coletes, churrasco, cerveja e chegamos ao valor de 20,00 por pessoa e todo mês esse caixa recolhe os vinte reais e junto com outro colega nosso compra e paga os artigos supra descritos. Todo mês temos 300 reais de arrecadação, no país esses dois colegas são o governo e o dinheiro arrecadado é a carga tributária. Depois de um tempo, descobrimos que o nosso caixa estava roubando 150 reais por mês, temos duas opções: reclamamos da vida e paramos de jogar nossa bola ou expulsamos o ladrão e continuamos a jogar, agora pagando 10 reais por mês pelo mesmo lazer.


Nosso problema é que não entendemos o estado como “nós” e sim como “eles”, por isso igniramos denùncias de corrupção, tráfico de influência e má-administração do dinheiro público (ou seja nosso). Não contente, não entendemos que por Constituição diversos deveres estatais são mal-prestados e ao invés de cobrarmos melhoras, quem tem condição contrata o serviço privado, pagando duas vezes pelo mesmo serviço (plano de saúde, escola privada, segurança particular) e deixando ao relento quem não tem dinheiro para pagar de novo o que já pagou (a parcela mais pobre da população) e é essa mesma classe média que reclama de pagar impostos ao invés de reclamar dos serviços que todos nós pagamos e não recebemos. Já os mais ricos estão muito felizes nessa bagunça da arrecadação pois proporcionalmente pagam menos e deduzem dos impostos aquilo que nós pagamos e contratam seus particulares, um rico paga proporcionalmente 8% da sua renda em imposto e um pobre 56%, ou seja de cada 100 reais que um rico ganha, 8 reais viram impostos, de cada 100 reais que um pobre ganha 56 reais viram impostos. São eles que detém os grandes meios de comunicação que distribuem essa lenda da carga tributária brasileira, mas são eles que não querem que mude.


A Suécia por exemplo, tem 56% do PIB em carga tributária, mas um índice nulo de corrupção, um sistema judiciário eficiente e 58% (!!!) de imposto de renda. E está sempre os cinco melhores países no que diz sobre qualidade de vida. OU seja, LÁ AO INVÉS DE RECLAMAR DE PAGAR IMPOSTOS, ELES PAGAM JUSTAMENTE OS MESMOS E COBRAM OS RESULTADOS E MANDAM PARA CADEIA QUEM ROUBA ELES... Um exemplo muito melhor do que reclamar...


fontes (sim eu uso isso para falar sobre algum assunto):

http://www.heritage.org/index/Explore.aspx?view=by-variables

http://www.cartacapital.com.br/economia/sobre-a-carga-tributaria-brasileira

http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/09/carga-tributaria-brasileira-supera-japao-mexico-turquia-e-eua.html

http://www1.folha.uol.com.br/mercado/792959-carga-tributaria-no-brasil-e-maior-do-que-nos-eua-dinamarca-lidera.shtml

http://veja.abril.com.br/idade/exclusivo/impostos-carga-tributaria/contexto2_g2.html

http://www.receita.fazenda.gov.br/Historico/esttributarios/estatisticas/CargaTributariaBR2009.htm

http://www.rfi.fr/actubr/articles/087/article_10537.asp

http://www.weforum.org/en/initiatives/gcp/Global%20Competitiveness%20Report/index.htm

http://www1.folha.uol.com.br/folha/dinheiro/ult91u112117.shtml

http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2009/05/090519_cepal_mc_ac.shtml

http://www.notadez.com.br/content/noticias.asp?id=51005

http://www.bolsavalores.net/2009/09/08/brasil-fica-em-56%C2%B0-no-ranking-das-economias-do-mundo/

http://www.aprendiz.adv.br/todas.asp?tipo=6

http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/pergunta_286449.shtml

http://mundoestranho.abril.com.br/cultura/pergunta_286449.shtml


segunda-feira, 13 de setembro de 2010

sábado, 11 de setembro de 2010

Considerações concretas sobre um título de Mário de Andrade

Amar Verbo Intransitivo

Amar Verbo

Amar In transe

Amar Verbo sitivo

Amar Intransitivo

Amar Verbo

Amar In transe

Verbo Intransitivo

Verbo

In transe

Amar In transe

Verbo sitivo

Intransitivo

Amar Ver In transe

Amar

Ver

bo

In

Transitivo


Luiz F. Ricas 26/3/2010 às 7h

domingo, 29 de agosto de 2010

Corinthians - uma paixão, uma multidão, um coração

Ao contrário de todos os textos que vão ser escritos essa semana, não vou contar a história dos últimos cem anos. Não vou falar de cinco operários de formação anarquista que fundaram um clube democrático que tinha como ideologia não excluir ninguém, que iria ser, nas palavras de fundação "um time que veio do povo e o povo que iria fazer esse time", onde até a primeira bola foi comprada comunitariamente no Bom Retiro. Também não vou falar do time imbátivel nos três anos de várzea, que levava milhares de pessoas onde fosse jogar, o primeiro clube popular a ganhar um jogo na liga, que era formada por membros da burguesia paulistana que não aceitavam a popularidade do time. Das taças conquistadas, dos tri-campeonatos paulistas, de Neco, de Luizinho, das taças dos centenários, da fila, que justamente nesse momento se tornou a nação que é hoje e cravou sua alcunha, a de fiel torcida. Do título da libertação, de Rivelino, de Socrátes, da democracia corinthiana, dos títulos dos anos 90 e 2000, nada disso eu vou falar, até porque quase todos os meios de comunicação estão falando disso. Vou contar a história dos últimos 28 anos do time pelo ponto de vista de um único torcedor.

Quando nasci, nos fins de 1981, estava se começando a se formar a Democracia Corinthiana, que garantiu o bi-campeonato paulista e mostrou para a população o que era democracia, sendo que o pais estava há 17 anos em uma ditatura militar violenta e opressora. Na verdade me revelei corinthiano em 1987, aos cinco anos, quando numaa sala cheia de tios, primos, pai, irmão, todos de verde, assistindo ao jogo entre o time de branco e preto e o time de verde, sai gol do alvinegro e comemoro e corro... Estava revelado ao mundo minha essência, muito antes que eu conseguisse perceber isso. Minha paixão era tão intensa que até minha família teve que aceitar, sim eu era a "ovelha alvinegra da família". Assistia todos os jogos na TV, ouvia todos os jogos no rádio, pesquisava nos jornais, assistia jogos antigos no "Grandes Momentos do Esporte" da Tv Cultura. Quando jogava bola, gordinho que era, metia a mão na cintura e (se) fazia o gol, deslizava no chão de joelhos, gritando "goooooooooooooool do Neto". No gol, era as lindas pontes seguidas de "Espaaaaaaaaaaaaaaalmma Rooonaaldoooo". Até hoje, a única pessoa na minha vida que eu pedi autográfo foi o Neto, mandava cartas, sempre respondidas com uma foto. Comemorei a cusparada contra aquele juiz porco como se fosse um gol. Chorei copiosamente a derrota para os porcos em 1993. Mas esse campeonato que eu tenho a melhor lembrança da minha vida torcedora, pois meu pai, mesmo sendo porco, me levou no Pacaembu para ver Corinthians x Juventus, um jogo comum de meio de campeonato com 44mil pessoas no estádio... Todo aquele clima, as bandeiras (centenas) de mastro da Camisa 12 que na época ficava onde hoje é as cadeiras laranjas, as bandeiras de mastro e o bandeirão da Gaviões, na curva, essa que não parava de cantar sem parar, as dezenas de faixas de bairros (fiel são matheus, fiel sapopemba, fiel vila formosa, só para ficar na região onde eu moro), as torcidas todas (Macabra, Beco, Chopp, Pavilhão), as olas, o "Tiiiimãoooo Êoo, Tiiiimãoooo Êoo". Ainda por cima, 3x1 (gols de Neto, Tupazinho e Viola), mas isso já era secundário, já estava encantado, agora entendia porque amava tanto aquilo, todos nós éramos um, ou melhora, uma: a Fiel.

Passei a ir no estádio sempre que podia, pedia dinheiro para meus pais para ir no shopping ou algo assim, pegava o ônibus, passava por baixo e na porta do estádio escolhia alguém com sobrenome Silva para ser meu tio, afinal era menor de 14 anos. Vi num jogo contra o Inter-RS, o time tomar um gol no começo do jogo e o estádio explodir, cantando cada vez mais alto, como se tivesse fazendo festa, apoiando sem parar. Foi aí que entendi outro princípio que levei para toda a minha vida: na hora difícil é que você tem que mostrar que ama, nas fases boas ninguém precisa de apoio, mas nas fases ruins, só quem é fiel que sabe o que é apoiar... Fui para Ribeirão Preto, Campinas, Santos (vi o gol de placa do Marcelinho no estádio), Rio de Janeiro (vi o povo ganhar o Mundial das cadeiras do Maracanã, vi a torcida vascaína calando a boca ao ver o bandeirão LHP ao som de "oooohhhoooooohh Todo Poderoso Timão", Belo Horizonte... Mas essa época era fácil, não havia uma ano que a geração de Marcelinho não trazia pelo menos uma taça para o Parque. Falava que essa (minha) geração não conhecia o corinthianismo, porque quase não sofria... Em 2004 quase caimos no Paulista e começamos o brasileiro só tomando goelada, com um time de moleques guerreiros de 1x0 em 1x0 chegamos em quinto... Mesmo assim, todo domingo era 15mil no Pacamebu, sendo mais da metade da Gaviões. Tanto me senti corinthiano com aquilo que me associei naquele ano a torcida (me lembro de uma das frases do começo da Gaviões: "O importante não é ser gavião, é ser CORINTHIANO, mas seja mais CORINTHIANO, seja um GAVIÃO").

Mas vendemos a alma ao diabo... O time do povo pegou dinheiro da mafia russa, e pior, com apoio da imensa maioria da fiel... Me sentia mal vendo as pessoas aceitarem aquilo... Mas o Mephisto voltou para cobrar e tivemos que disputar a série B. Naquele momento mostramos porque somos a fiel torcida: "Eu nunca vou te abandonar, porque eu te amo, eu sou Corinthians". Na campanha da queda, cancelei todos os ensaios da minha banda para apoiar o time, fui preso em Goiás e me tornei Fiel Torcedor acompanhado quase todos os jogos da Série B. na volta a elite, o maior goleador das Copas ainda trouxe outro Paulista invicto e outra Copa do Brasil. Conheci a Rua São Jorge, coletivo da Gaviões que tenta resgatar tudo isso que eu disse...

Hoje, o Corinthians faz 100 anos, daqui há dois meses eu faço 29 anos, que foram os mais humanos e brasileiros, por terem sido corinthianos. Estou afastadO dos estádios pelos preços cobrados e pela pouca grana que a vida de artista QUE EU ESCOLHI PARA MIM gera. Foda-se o dinheiro, AQUI É CORINTHIANS, PORRA! Hoje estou em processo de produção de uma peça contando a história do Corinthians, pelo aspecto sociológico que ele abrange, que espero estrear ainda esse ano. Sou quem eu sou, porque sou corinthiano, isso eu não tenho dúvidas e como diz uma das músicas da minha peça "Isso não é time, é religião / é o corinthianismo no meu coração"...

sábado, 28 de agosto de 2010

Yes, We can


Foto "roubada" de um perfil do orkut (Waleska, da RSJ, não a conheço pessoalmente)

TUDO É POSSÍVEL, diria Pessoa: TUDO VALE A PENA, QUANDO A ALMA NÃO É PEQUENA

sábado, 21 de agosto de 2010

Nasceu

Nasceu
Cresceu
Estudou
Formou-se
Empregou-se
Casou-se
Reproduziu
Envelheceu
Aposentou-se
Morreu
mas...
...será que
Viveu?

Luiz F Ricas

Publicado no Recanto das Letras em 14/09/2006

TESTAMENTO

Meus discos
Dôo aos surdos
Meus livros
Aos cegos

Meus bens aos ricos
Meus poemas aos frios
Meus textos aos analfabetos

Minhas músicas
Ao lixo cultural
Minhas utopias
Para a polícia

Meus sonhos ao inferno
Meu amor...
...esse eu já tinha dado a ti

21/04/2001 11h50min

Luiz F Ricas
Publicado no Recanto das Letras em 27/08/2006

Um som

Um som
Um grito
Distante
Uma dor
Náuseas
Vertigens
Distorções
Cromáticas
Escalas
Acidentes
Pausa
Que parece eterna
Horroroso
Am...
Eu te a...
Minha vida

Ainda Ainda
Ainda Ainda
Ainda Ainda
Ainda Ainda
Ainda Ainda
Ainda
Sempre

Vertigens
Alucinoticas
Potencia
Vontade
Representação

Vida louca vida
Distorcida vida
Vista pelo espectro do copo
Do carvalho
Da cana
Do cânhamo
Da coca
Do desespero
Da fuga


Aos céus
Estrelas longuiquas
Atrás das nuvens da poeira

Digam-me onde estas
Onde estou
Onde será

Estou aqui para amar (perdão)
Para sonhar
Para lutar
E morrer

Ainda a...
Ainda sonho
Ainda luto
Ainda não morri

Bach, Beethoven, Mozart, Stravinsky, Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Chico Buarque, Tom Jobim, Horowitz, Wagner, Marx, Trotski, Voltaire, Rousseau, Gandi, Shakespeare, Lobato, Machado, Verne, Stendhal, Tolkien, Dostoievski, Garcia Márquez, Lima Barreto, Mario de Andrade, Pessoa, (também Ricardo Reis, Álvaro de Campos e ), Camões, Garcia Lorca, Maiakovski, Neruda, Bandeira, Walt Whitman, Blake, Drummond, Nietzsche, Castro Alves, Platão, Sócrates, Heráclito, Parmênides, Jose Saramago, Leminski, Adorno, outros que minha memória me trai, meus amigos, meus pais, meu irmão, meu inconsciente

Vão se foder
Vocês são culpados

P.S: Se você me odeia, odeie eles, que me fizeram assim.

Transcrito às 19h33min de 18/06/2003 sobre original de 17/07/2001 das 11h20min
Luiz F Ricas
Publicado no Recanto das Letras em 27/08/2006

DOURADA SUA GLÓRIA, ALVINEGRA SUA HISTÓRIA

DOURADA SUA GLÓRIA,
ALVINEGRA SUA HISTÓRIA
TONELADAS, É SEU PESO
ESSA CAMISA REPRESENTA O AMOR, A PAIXÃO
DE TRINTA MILHÕES, ESPERANDO PARA CANTAR
TODO SEU AMOR E FAZÊ-LA VOAR,
ELES TÊM TUDO PARA TE AMAR
A VOCÊ BASTA DOAR TODA A SUA VIDA
NESSES 90 MINUTOS
QUE A GLÓRIA ESTÁ A ESPERAR
QUEM FAZ UMA NAÇÃO CANTAR
E A CAMISA, COM TODAS TONELADAS DO AMOR QUE REPRESENTA

E COM EXPLENDOROSA E CORINTHIANA VITÓRIA
PODE VOAR TÃO ALTO RUMO AO CÉU.

Criado para um concurso no sítio do Corinthians
Luiz F Ricas
Publicado no Recanto das Letras em 07/09/2009

MARADONA vs. PELÉ – A COMPARAÇÃO

Essa comparação surgiu dos argentinos ao verem a genialidade de seu ídolo e da pouca valorização histórica dos brasileiros que não conhecem a história daquele que é a terceira maior marca do mundo (atrás de Coca-Cola e Mcdonalds) e um dos três nomes que a CNN não identifica quando aparece na TV (os outros são o presidente americano e o papa). O outro foi o maior gênio do futebol contemporâneo, então faremos a injusta comparação que virou moda entre o povo do Rio da Prata, mas mostraremos quão estúpida é essa tentativa.


Pelé começou sua carreira na base do Bauru Atlético Clube, o BAC, tendo seus times de base conhecidos como “baquinho”. Quando foi oferecido pro Noroeste, também de Bauru, conhecido pelo seu futebol viril, seus tutores com medo dele ser “quebrado” no outro time o levaram para o então atual Bi-Campeão paulista, O Santos Futebol Clube, aos 15 anos, que o favorecia por não ser na capital e que estava montando um time, que anos mais tarde iria entrar na história do futebol, e porque não na História Geral da Humanidade.

Já Maradona, vindo da paupérrima periferia platina, começou sua carreira no Argentino Juniors, lá permanecendo até os 18 anos, jogando quatro temporadas como profissional, desde os quinze anos, então se transferindo ao Boca Juniors, seu clube de coração. Foi vetado por Menotti, da seleção Argentina de 1978 (com 16 anos), que o considerou jovem demais, mas começou a ser convocado para a mesma no ano seguinte, não deixando mais de defendê-la até 1994.

Pelé, corinthiano na infância, nunca jogou no seu clube de coração, muito pelo contrário, sendo o maior algoz que já existiu do Corinthians, que ganhou apenas quatro partidas contra ele, porém se apaixonou pelo clube que defendia e nunca abandonou o seu time até encerrar a carreira em 1974, num empate em zero a zero contra (que coincidência!) o Corinthians, voltaria a jogar nos Estados Unidos pelo Cosmos de Nova Iorque, onde jogou até 1977 e transformou aquele país que até então nunca havia ouvido falar de futebol. Seu início, como profissional também foi aos 15 anos, porém com maior êxito, já que foi campeão paulista em sua segunda temporada e convocado para a Copa Rocco, torneio que ganhou fazendo gol contra a própria Argentina. Aos 17 anos foi campeão mundial pelo Brasil fazendo cinco gols na Copa, sendo dois na final (algo que Maradona nunca fez). Essa até 2002 seria a única Copa que um país ganharia fora de seu continente, tabu quebrado pelo próprio Brasil no Japão.

Pelo Boca, Diego disputou apenas duas temporadas, ganhando seu primeiro título, o de campeão argentino de 1980/1981, ao ser vendido em meados de 1982, prometeu voltar a defender seu clube que coração, que de fato cumpriu. Após ser vendido para o Barcelona da Espanha, disputa a Copa nesse mesmo país. Mas não vai bem, visado e bem marcado perde duas partidas e termina sua participação contra o Brasil, numa agressão que acarretaria na sua expulsão. Disse: “Ninguém perdeu essa copa mais do que eu”. Disputa duas temporadas pelo Barcelona, onde só fez inimizades, polêmicas, gols bonitos, belas assistências, mas nenhum troféu. Só ao sair do Barça que inicia sua glória em 1984, pelo Napoli da Itália. Cidade pobre, fanática pelo seu clube (que tem as cores da bandeira Argentina), nunca havia ganhado nada, até a chegada de Maradona.

Nessa mesma idade Pelé, havia ganhado vários títulos inclusive dois torneios sul-americanos, duas Libertadores, duas taças intercontinentais (no Brasil valorizadas como Mundiais), quatro paulistas, quatro Taças Brasil (na época não existia o campeonato brasileiro), entre outros títulos.

Em Nápoles, Maradona virou rei. Avesso ao “politicamente correto”, colecionava polêmicas e discussões públicas. Em campo, sua perna esquerda demonstrava quem ele era. No Estádio San Paolo cada quinzena se apresentava um show a parte e o Napoli passa a disputar o Scuddetto da Itália. Foi convocado como herói para a Copa de 1986, no México.

Já Edson, continuava a ganhar títulos, colecionar jogadas históricas, excursões pelo mundo demonstrando o que na Europa ficou conhecido como “Balé do Futebol”. O esquadrão branco do Canal Um de Santos se demonstrava imbátil, conseguindo o Penta Campeonato da Taça Brasil, dois Tri Campeonatos Paulistas, o título de majestade soberana do esporte bretão. Colecionava fatos históricos, como ter expulsado um juiz num jogo na Colômbia (esse árbitro expulsou o rei, numa arbitragem tendenciosa, mas a torcida colombiana tinha pago ingresso para vê-lo, invadiu o campo, surrou o juiz, que teve de ser substituído e o jogo continuou com Pelé e outro juiz) e ter parado uma Guerra Civil na África (para uma exibição do Santos, foi negociado um Armistício para se ver o jogo do Santos, após o término do jogo a guerra continuou).Bi-campeão mundial em 62 com facilidade, na copa de 1966, na Inglaterra, o Brasil foi um fracasso soberano, mal planejado, mal escalado, mal treinado, enfrentou os europeus, adeptos do futebol-força (até então nunca havia se preocupado com preparo físico, fato que os europeus adotaram e pegaram o desorganizado Brasil de surpresa). A violência dos adversários deixou Pelé de fora do segundo jogo (1x3 Hungria) e no sacrifício no terceiro (1x3 Portugal), esse no qual saiu carregado devido a três “tesouras” seguidas. Anunciou que não disputaria mais copas após esse fiasco.

Já Maradona, aos 26 anos vivia o auge. Levou um aguerrido time argentino a ganhar aquela copa, só não fez chover naquelas montanhas mexicanas, pois o resto fez, até gol de mão. Fez gols nas partidas mais decisivas e quando não fez gol, ou puxou toda a marcação adversária pra si, ou fez assistências mágicas. Destaque para os dois gols contra a Bélgica, a assistência contra a Alemanha Ocidental na final (quando o jogo estava 2x2, sendo esse o gol do título) e o jogo contra a Inglaterra, mas esse merece um parágrafo à parte.

Havia uma rivalidade muito forte nesse jogo. Primeiro, porque o time da Inglaterra era o favorito, segundo porque a Argentina havia travado poucos anos antes uma guerra contra a própria, no qual perdeu as Ilhas Malvinas (Falklands para os ingleses) e foram humilhados nessa disputa. Havia um caráter de revanche e Maradona queria ganhar esse jogo, mesmo que fosse as últimas conseqüências, e foi. No primeiro gol ele levou três adversários com sua perna esquerda, mas o último espirrou a bola que iria até a mão do goleiro que saiu bem na bola, se não fosse um leve toque com a mão esquerda do homem, que desviou a bola para dentro do gol. Esse gol foi batizado pelo próprio como “La Mano de Dío”, um trocadilho, já que na Argentina ele era tratado por Deus. O segundo foi considerado o gol mais bonito da história das Copas. No qual, com a perna esquerda apenas, dribla somente nove adversários (!!!!) e leva a bola da sua intermediária até dentro do gol. Os ingleses ainda reduziram, mas já estava vingada a nação portenha.

Já Pelé, após o fiasco da Copa de 1966, continuou fazendo milagres. Ao contrário de nosso hermano, o sr. Nascimento era totalmente ambidestro, sendo impossível fechar o ângulo dele. Tinha um repertório infinito de dribles e uma facilidade enorme em dar “chapéus”. Como Maradona, tinha uma visão de enxadrista, jogando sempre com dois ou três lances pra frente pensado. Mas era perfeito em todos os fundamentos de um jogador de futebol, era uma vertigem vê-lo jogar. Em 1968, após marcar o milésimo gol da carreira decide voltar à seleção e se prepara como se fosse um juvenil. Com todos os recordes possíveis batidos aos 27 anos, Pelé tinha poucas metas no futebol e foi atrás delas. A principal era de se tornar o único jogador de futebol tri-campeão mundial, pois a seleção estava inteiramente renovada e ele se apresenta como o cérebro de um time de craques de ponta a ponta, excetuando o goleiro a seleção de 1970 era indiscutível do lateral direito ao ponta-esquerda.

Maradona chega ao auge: após a Copa, ganha a Itália, o Scuddetto, a Copa da Itália, a Copa da Uefa (único título internacional do Napoli até hoje) e em 1990/1991 novamente o scuddetto italiano. A dupla Careca e Maradona é até hoje considerada uma das melhores de todos os tempos... Nessa época começa o crepúsculo do deus. Avesso a diplomacia, conquista cada vez mais inimigos. E boatos de sua vida noturna começam a pipocar, em especial de seu constante uso de cocaína. Chega a Copa de 1990, a mais defensiva de todos os tempos, como os times de sua época, retranqueiros. Na copa faz algumas de suas jogadas geniais, inclusive a assistência que tirou o Brasil nas oitavas, mas sem o mesmo brilho de antes. E consegue deteriorar suas relações na Itália, na semifinal, ao pedir que a torcida napolitana apoiasse ele e não a seleção local. Pior que ele até conseguiu dividir o estádio, mas criou uma inimizade com o país que ele morava que sacramentou o fim de um ciclo naquele país. Perdeu aquela final, por 1x0 para a Alemanha reunificada, com o estádio inteiro torcendo pelos germânicos e tendo seu hino nacional, veementemente vaiado. Após a volta da Copa finalmente o antidoping acusa cocaína em seu sangue e é suspenso por 15 meses. Estava encerrado seu ciclo na Itália.

Pelé aos 29 anos atinge a consagração absoluta. Com a Copa mais perfeita de todos os tempos, o Brasil ganha todos os jogos e na final faz 4x1 na Itália, com uma assistência magistral de Pelé que “pisa” a bola para Carlos Alberto vir de trás para chutar, porém com um detalhe, sem olhar para trás. Pela primeira vez na história tenta fazer um gol do meio de campo, errando por milímetros, até hoje, quando se faz um gol do meio de campo se comenta que se fez o (único) “gol que Pelé não fez”. De volta apo Brasil mais um Campeonato Paulista, renova com o Santos por mais dois anos. Se despede da seleção em dois jogos no Maracanã e no Morumbi lotado em dois jogos onde torcida gritava “fica, fica, fica”. Em 1974 se despede do futebol com uma partida contra o Corinthians no Morumbi ajoelhado no meio do campo, aplaudido de pé pelas duas torcidas por 15 minutos. Volta a jogar pelo Cosmos de Nova Iorque meses depois, levando a paixão do futebol aos EUA, onde é campeão da Liga americana e finalmente se despede em 1977 definitivamente como o esportista mais importante de todos os tempos, num jogo em que joga metade do tempo com a camisa do Cosmos e a outra metade com a do Santos, marca um gol nesse jogo, contra o Santos (!!!) pelo Cosmos...

Já Maradona volta em 1991 pelo Sevilha da Espanha onde joga mal e faz só quatro gols nessa temporada. Se transfere para o Boca Juniors, cumprindo sua promessa de 10 anos atrás. Também sem o mesmo brilho, porém consolida sua imagem como patrimônio do Boca Juniors e dos pobres na Argentina. Joga duas temporadas e vai treinar o Newell´s Old Boys também de Buenos Aires, jogando também, também sem sucesso. Interessado em jogar a Copa de 1994, se prepara fisicamente e chega bem na Copa, fazendo duas excelentes exibições e colocando a Argentina como favorita à conquista da Taça, mas novamente há um antidoping no seu caminho. E fica suspenso por quatro meses e de forma melancólica encerra sua grande carreira.

Pelé sem jogar se notabiliza por gafes, negócios mal feitos, escândalos de corrupção, comentários sobre futebol esdrúxulos e uma lei mal feita que transformou os clubes brasileiros em fornecedores de matéria-prima para os clubes da Europa. Vira um dos embaixadores que trouxe a Copa de 2014 para o Brasil.

Maradona seguia seu drama de toxicômano e chegou a ficar em coma por dias. Sempre polêmico, continua sua arte de arrumar confusões. Faz diversas terapias até largar o vício e virar diretor de futebol do Boca. Vira também apresentador de TV. Na Copa de 2010 se torna treinador da seleção argentina, levando as quartas de final, onde são elminados pela Alemanha em massacrantes 4x0 e saí após a mesma.

E como diria um comentário do DVD sobre o Maradona: “Entre os dois, eu fico com os dois”. Mas eu acho o Maradona o melhor jogador de futebol de todos os tempos, porque Pelé não pode entrar numa lista dessas, ele não é simplesmente um jogador de futebol, é o resumo de tudo que pode ser feito nesse esporte. Parabéns Edson Arantes do Nascimento e Diego Armando Maradona pelo talento com os quais nasceram e mostraram aos arrogantes do Velho Continente, que se eles quiserem falar de futebol, deverão se guiar pela constelação do cruzeiro do sul para aprender como se faz..

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

MEU TRABALHO

Arte
..........e
..............Educação

Educação
..................e
.....................Arte

Arte-Educação

Educação da Arte

Arte da Educação

Arte que educa

Arte que Educa a Ação

Ação que Educa a Arte

sábado, 3 de julho de 2010

FIM DA FESTA - REFLEXÕES

O Brasil está fora das finais da 19a. Copa do Mundo de Futebol. Camus já havia dito que o futebol imita a vida, então cabe sim uma reflexão sobre esse momento do futebol. O momento do futebol no mundo, reflete a sociedade em que vivemos. Explico:

O futebol se internacionalizou no começo do século XX, em grande parte pelo imperialismo inglês que exportava sua cultura aos quatro ventos do mundo. O futebol inglês sempre foi algo de burocrático com bolas alçadas na área e lançamentos longos. Reflete o pragmatismo de seu pensamento, lingua, cultura. Quando chegou no Brasil, em especial no eixo Rio-SP, ele sofreu uma transformação devido ao multi-culturalismo dessas regiões, as colônias europeias e arabes, os africanos descendentes (ou ex-escravos ainda), os colonos ibéricos e os índios transformaram o esporte em algo muito mais improvisado, com uma gama de recursos infinitamente maior. A criação da FIFA se opõe ao modelo de colonização inglesa, que não aceitou federações não britânicas praticando o esporte. Durante a primeira metade do século XX houve duas ligas "mundiais", a britânica (só com países colonizados pela Bretanha) e a FIFA (com quem quisesse "chegar").

O Brasil disputou as duas primeiras copas em disputas das federações cariocas e paulistas que dividiram o time que teve participações pífias. O Mundial de 1938 conderoca a paixão brasileira com um terceiro lugar. Após a Segunda Grande Guerra, tivemos uma copa no Brasil, onde foram construídos os maiores estádios do mundo até então (Mineirão e Maracanã). Se em 1938, nós perdemos por excesso de "respeito" ("complexo de vira-latas", como definiu o maior cronista esportivo que esse país já teve, Nelson Rodrigues) em 1950 perdemos por excesso de confiança (país em crescimento, industrializando-se, exportando cultura), agravado por um 6x1 na Belgica e um 7x1 na Espanha no quadrangular final onde o Uruguai havia ganho de 2x1 da Belgica e emaptado em 1x1 com a ESpanha. O empate bastava na final que reuniu 204 mil pessoas no Maracanã, logo no começo 1x0, para a virada uruguaia que ficou conhecida como "Maracanazo". O complexo de vira-latas permaneceria até 1958, com o surgimento da dupla Garrincha e Pelé que nos garantiu o nosso auto-respeito e o Bi-campeonato. Em 1970, uma seleção com quatro camisas 10 no time titular ganha todos os jogos dando espetáculo. Em 1978 saiu invicta eliminada por uma manipulação de resultados. Em 1982, uma seleção vistosa, mágica, prazerosa com Zico, Sócrates e Falcão, perde para uma Itália desacreditada e fica nossa maior cicratiz na história do futebol. A redenção dos pragmáticos. Jogar bonito, improvisado, livre não dá resultados. O ápice disso foram as Copas de 90-94, a primeira, onde o técnico não convocou o melhor meia do país à época (Neto) e não levou ninguém no lugar, resultado: eliminado nas oitavas pela Argentina, com assistência de Maradona, a segunda, fomos campeões com a tática "toca pro Romário". Esse resultado amplia essa discussão do futebol arte x futebol de resultados, pois voltamos a ganhar a Copa jogando feio. Jogando bonito, mas sem o mesmo encanto de outrora fomos vice em 1998 e campeão em 2002, ambas com magistral atuação de Ronaldo. Em 2006 tivemos uma geração imbátivel para defender a taça, havíamos ganhado tudo, dando espetáculo com os malabarismos de Ronaldinho, a precisão da nossa defesa, os gols de Ronaldo, a taça era nossa... Só esquecemos de jogar... O clima de já ganhou foi o "culpado", volta Dunga (o volante de 1990/1998). Volta o futebol pragmático. Resultado: campanha quase idêntica a 2006, ganhou tudo antes e foi eliminado nas mesmas quartas de final.

Reclamamos muito da escalação de Dunga, mas se não aparece a dupla de moleques da Vila Belmiro, os "corneteiros" não teriam nem quem sugerir no lugar, ou seja, se fizessemos um selecionado hoje, nossa convocaçao seria muito parecida com a do Zangado, digo Dunga. Esse é o problema, nosso futebol sempre se dividiu entre o modelo europeu (futebol físico, objetivo, pragmático, feio mas de resultados) e o modelo sulamericano (futebol leve, rápido, improvisado, de lances plásticos, mas que "descobre" a defesa, portanto correndo mais riscos). O problema é que a colonização financeira falou mais alto. Hoje nossas crianças não jogam futebol na várzea, na rua, descalço, com bolas de meia, jogam com bolas oficiais e chuteiras em gramados sinteticos ou quadras das escolinhas. Com isso, perdemos em improviso, em leitura de jogo, em plasticidade. Ainda que involutariamente, adotamos o futebol europeu. Hoje não temos camisas 10, a ponto da população clamar por um jogador que havia aparecido há três meses antes da Copa. Mesmo com cinco taças no Brasil, adotamos o modelo deles e perdemos, em todos os sentidos. O complexo de vira-latas aliado a uma ultra-padronização da nossa sociedade, com modelos rígidos e substituíveis, onde somos cada vez mais peças, cada vez menos homens, brasileiros...

Curiosamente, no caminho oposto, temos a Alemanha que só não participou da primeira copa por boicote e da 50 porque seu país estava destruído. Foi campeã três vezes, vice em quatro e semifinalista em outras quatro. Ou seja, em quase todas as suas participações chegou nas finais. Ou melhor, metade dela. Os três títulos foram conquistados pela Alemanha Ocidental. Sempre foram conhecidos pelo futebol feio, duro, mas extremamente efetivo (entre os cinco maiores artilheiros da Copa, temos dois brasileiros (Ronaldo e Pelé), um francês e dois alemães (Muller e Klose). Hoje vemos uma Alemanha realmente unificada pelo futebol. Uma sociedade politicamente correta, rígida, fria, traumatizada pelo maior genocídio étnico de nossa época (sim teve maiores), vemos um povo alemão que festeja, apoia seus times, suas seleções, com festas únicas no estádio. A seleção quando joga há uma espécie de momento onde é permitido sentir, ser feliz, cantar, empurrar, apoiar. Isso acontece também na liga alemã, onde os ingressos são baratos e todos cantam o jogo inteiro. Na seleção quando isso não ocorre, prontamente se canta: "Steh' auf, wenn Du Deutscher bist", ou algo como "se você é alemão, levanta-se!" conclamando os espectadores a serem torcedores ("fan-support" em inglês, ou seja, fã que suporta, apoia), grito adaptado da torcida do Schälke 04, time de maior torcida da Alemanha, que está há mais de 50 anos sem títulos. Isso, aliado a um país que tem medo de ser chamado de racista, formou uma seleção de poloneses, brasileiros e ganes naturalizados com alemães de origens diversas. Uma seleção multirracial, com ginga, raça, força, apoio e uma bandeira. Querem, que pela primeira vez a Alemanha unificada seja campeã. Acreditam, em algo que nós acreditamos. O futebol é alegria, é paixão, é sentimento (alegria ou tristeza), é nação. Um futebol, solto, bonito, que se não levar a taça, já cumpriu sua missão...

Enquanto isso, nos já iniciamos nossa tradicional caça as bruxas, em busca do titulo em casa daqui há quatro anos... Se nos não mudarmos nosso jeito de ver a vida, a sociedade e por consequencia, o futebol, acho dificil... Já diria Proust, em busca do tempo perdido...

quarta-feira, 30 de junho de 2010

ALGUMAS CITAÇÕES QUE ME DEFINEM MELHOR QUE QUALQUER PALAVRA MINHA

"Aqui é CORINTHIANS, porra!" (Anônimo)


“Sem a MÚSICA, não haveria sentido em viver”.


“Deveis sentir-vos orgulhosos do vosso inimigo; então os triunfos dele serão também triunfos vossos”.


“Não vos aconselho o trabalho, mas a luta. Não vos aconselho a paz, mas a vitória. Seja vosso trabalho uma luta! Seja vossa paz uma vitória”.


“Desde que há homens, o homem tem se divertido pouco: é esse, meus irmãos, o único pecado original”. (Friedrich Whilhelm Nietzsche)


“Só a natureza é divina, e ela não é divina”.


“Há metafísica bastante em não pensar em nada”.


“Não tenho ambições, nem desejos / Ser poeta não é uma ambição minha / É a minha maneira de estar sozinho.”


(...) “Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.


“LOUCO, sim, louco, porque quis grandeza (...) // (...) Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia, Cadaver addiado que procria?”.


“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo” (Fernando Pessoa em seus vários heterônimos).


“NO MESMO RIO ESTAMOS E NÃO ESTAMOS, SOMOS E NÃO SOMOS”. (Heráclito)


“Não sei se cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vendo, não vem” (José Saramago)


“Sonho que se sonha só, é apenas um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.


“Não sei para onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho / Enquanto você me critica eu estou no meu caminho.” (Raul Seixas e Paulo Coelho)


”Quando eu nasci veio um anjo safado (...) que determinou eu ia ser errado assim, (..) mas vou até o fim”


“Não chore ainda não, que eu tenho um violão e se a felicidade é de samba há de querer ficar”.


“Os escafandristas virão explorar / sua casa, seu quarto, suas coisas, sua alma, desvãos // Sábios em vão tentarão decifrar / o eco de antigas palavras / Fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos / Vestígios de uma antiga civilização” (Chico Buarque)



“Lealdade, paciência, esperteza, teimosia e mais dia menos dia a lei da selva vai mudar // Todos juntos somos fortes, somos flecha, somos arco, todos nós no mesmo barco não há nada para temer, do meu lado há um amigo que eu tenho que proteger” (Chico Buarque, Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti)


“Uma lei para leão e boi é opressão”


“(...) primeiro a noção que homem estava um corpo distinto da sua alma, está para ser excomungada; (...) fundir a aparente superfície sempre, e mostre o infinito onde estava escondido. Se as portas da percepção estiverem limpas (abertas) sempre aparecerá para o homem como ela é, infinita “. (William Blake)


“Fazíamos amor como dois músicos que se juntam para tocar sonatas. (...), o piano ia por um lado, e o violino por outro, e disso saia a sonata, mas veja, no fundo não nos encontrávamos. Eu descobri isso logo, (...) mas as sonatas são tão bonitas” (Julio Cortázar)


“Minha alma é um carrossel vazio no crepúsculo”. (Pablo Neruda)


“Um gênio é feito de 10% de inspiração e 90% de transpiração” (Tomas Edison, frase muiito usada por Tom Jobim, Stravinsky e Beethoven)


ENTRE MUITOS OUTROS QUE O ESPAÇO NÃO PERMITE CITAR...

Finalmente a estreia

Finalmente a minha banda irá estrear... Será sabado no Bollacha Bar na Parada Inglesa/Zona Norte. Após um processo gostoso movido a cachaças de Salinas (muitas) e algumas cervejas saíremos da toca. Não sei se você irá gostar, mas já falo que foi muito bom fazê-lo. Tocar isso é muito gostoso (parafraseando o samba da Gaviões), tem sabor de mel. Não vou falar muito do nosso som, vou postar o convite para o show de sabado, compareçam e confiram...



A proposta inicial: Música dançante de qualidade. A partir disso, junte referências eintenções literárias, cênicas, e evidente, musicais, estas passeando pelo funk, soul, rock, frevo, baião, rock, jazz, eletrônica erudita e popular numa busca por novos sons, sonoridades, musicalidades. Assim, temos a banda SIGNÂNCIA, formada por Caio Bonvenuto (guitarra), Luiz F. Ricas (eletrônica e teclados), Sandra Soares (intervenções poéticas) e José Marcos (contrabaixo).

Endereços: Av. Luiz Dumont Vilares, 1547 - Parada Inglesa (próximo ao metrô) - SP/SP. http://www.bollachabar.com.br/. O Couvert Artístico é de R$ 5,00. A apresentação será no sábado (03/07) às 23h.

Garantimos uma INESQUECÍVEL EXPERIÊNCIA E INÉDITAS SENSAÇÕES.

SIGNÂNCIA

CONTO COM A SUA PRESENÇA!!! ATÉ SÁBADO...

domingo, 6 de junho de 2010

Música Contemporanêa - É triste não saber apreciar a arte de seu tempo

Nesse feriado, pela total falta de dinheiro tive a "oportunidade" de ficar em São Paulo e sexta estive no Teatro São Pedro assistindo ao concerto da III Oferenda Musical, um festival de música de Câmara realizado por Alex Klein, exímio oboísta (1o. oboé da OSESP), que dedicou-a a música contemporânea. Apesar dos "caríssimos" dez reais, como é de praxe em concertos com esse repertório, sobraram muitos ingressos. O próprio Klein, numa introdução que ele chamou de "prelúdio", numa pergunta feita por mim, colocou que a ausência desse público se deve ao fato da arte contemporânea se propor a tocar em sentimentos, valores e sensações mais profundas e que a grande maioria das pessoas não estão dispostas a sentirem. Concordo com ele, mas sinto pena de quem não pode estar lá...

O concerto começou com uma peça do compositor brasileiro Marlos Nobre (nascido em 1939) com uma interessantíssima formação de piano e harpas preparadas (com efeitos), tímpanos e flautas. Bela peça, agressiva e bela. Mas o que realmente me tocou, me fruiu, me chamou a atenção e me moveu a escrever esse texto foram as peças seguintes: Ancient Voices of Children, baseado num poema de García Lorca, escrita pelo compositor estadounidense George Crumb (1929)(que confesso, até então não conhecia), divida em cinco movimentos para soprano, menino soprano, piano e harpa (preparados), piano de brinquedo, três sets de percussão, serrote/bandolim, oboé/gaita, onde os cantores usavam diversos recursos de efeitos nas vozes (cantar da coxia, cantar sobre o piano, cantar sobre um cano. O poema fala sobre a morte, a morte na infância (o IV movimento se chama "Toda tarde morre uma criança em Granada"). A peça toca nas sensações mais profundas, realmente indizíveis, indescritíveis, sentimentos guardados e escondidos, de tão escondidos que não há palavras para descrevê-lo, onde só os sons (a música) podem chegar. Depois daquele momento, os presentes não eram mais os mesmos. Único e não racional, não intelectual, portanto indízivel. Alguém pode estar pensando: você está acostumado com essa música barulhenta, dissonante, atonal. Para provar que essa fruição é para todos, eu fui com um amigo que raramente vai a concertos e até então nunca havia visto um concerto de música contemporânea, após essa peça, ele só foi capaz de quebrar o silêncio para me dizer: "Estou tocado!". Após essa música, o intervalo mais silencioso que presenciei em todos esse anos frequentando concertos: poucos tinham algo para falar, estavam apenas sentindo.

Na volta a Sequenza VII para oboé e intervenção em si de Luciano Berio (1925-2003). A intervenção foi feita pela própria plateia a pedido do intérprete, o próprio Klein, que tocou essa peça de absoluta dificuldade (talvez a mais difícil do instrumento, já que essa era uma das propostas das Sequenzas, explorar sons nunca antes explorados para os instrumentos no qual foram compostas) sem partitura! Louvável. Após isso, veio a performance de 4'33'' de John Cage (1912-1992), no qual o(s) instrumento(s) no palco ficam em silêncio e os instrumentas fazem apenas três movimentos em momentos indicados na partitura, ou seja, uma performance. A ideia da peça é explorar os sons da plateia, os ambientes e poluições sonoras, provando que o silêncio na prática não existe. Como a plateia já conhecia a peça, ela interviu propositatamente e aplaudiu muito no final, mas quando a plateia não conhece, temos situações inusitadíssimas provocadas pela revolta daqueles que não querem ser o elemento ativo da obra (querem apreciar algo que vem do palco). Para encerrar essa récita, tivemos a Ópera Aberta de Gilberto Mendes (1922, este estando presente na plateia), ópera aleatória (com apenas a primera melodia escrita) para soprano, halterofilista (!!!!) e atores que exploram os sons do movimento da performance (a ópera é um verdadeiro happening) e a soprano intervindo com melodia de óperas clássicas. Grandes movimentos de luzes, cênicos e é claro de sons. Bastante fruidora também...


Fui jantar depois, feliz por ter participado desse momento e pensando, apesar de tudo sou feliz por viver no tempo em que vivo e poder sentir isso, mas fico triste de saber que sou parte de uma ínfima minoria...

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Silêncio

Silêncio
Silêncio
Silêncio
É o que me vem
Silêncio
Absoluto silêncio
É o que eu escuto
Silêncio
É o que não espero
Silêncio
Silêncio
É o que vem
Silêncio
Silêncio
É só o que há em mim
Silêncio
Silêncio
É o que me vem
Silêncio
Silêncio
É o que me expressa
Silêncio
Silêncio
Minha única expressão
Silêncio
Silêncio
São os sons da minha alma
Silêncio
Silêncio
São os sons que se expressam em mim

Silêncio
Que absolutamente corrói
A música que está no coração
Que silenciosamente diz
O que as palavras e os sons
Não ousam emitir

Luiz F. Ricas
Escrito em 13/05/2009 às 20h37min

FOTOS DE UMA CAMINHADA PELO CENTRO

Seguia pela rua da Consolação descendo em direção a Praça Roosevelt cheia de skatistas aproveitando seu formato para manobras, travestis e vários teatros com aquele povo “descolado” que freqüenta aquele lugar. Seguindo pela Ipiranga, Praça da República e Av. São Luís via aquele monte de executivos misturados a Office-boys, hippies mendigos e seus artesanatos e mendigos sem tribos. Passa pela biblioteca Mario de Andrade e vê aqueles estudantes usando um dos maiores acervos do país para seus trabalhos escolares.

Seguindo pela Rua Xavier de Toledo misturado pelo povo que chega nos ônibus que descem a Consolação. Lojas misturam dondocas e proletários no mesmo espaço. Segue pelo Viaduto do Chá e vê o vale do Anhagabaú que mistura skatistas e evangélicos naquele espaço cheio de verde sobre carros e esgoto (que seria o Rio Anhagabaú). Passa em frente ao Banespinha, onde hoje fica a Prefeitura e lá tem um protesto de algum sindicato. Segue pela Praça do Patriarca e entra na Rua Direita, intrafegável pela quantidade de ambulantes fixos que nesse momento correm do rapa. Na praça da Sé vê aquela mistura de povos, sons, odores e olhares das pessoas que confluem naquele local belo e sujo.

Descendo a escorregadia e barulhenta ladeira Porto geral e passando também pela também intrafegável e ruidosa 25 de Março, onde a maioria feminina se acotovela para comprar bijuterias, tecidos e falsificações chinesas. Chega na Av. do estado alagada e aquele monte de gente esperando o ônibus para a populosa Zona Leste no terminal Parque Dom Pedro II...

São essas algumas fotos da catastrófica e apaixonante paulicéia desvairada.

Luiz F. Ricas
Escrito em 19/03/2009 às 9h26min
Cada gargalhada
Cada discurso alto
Cada sorriso fácil
Não esconde a tristeza
Que seus olhos e seus ombros
Explanam para o mundo....


Luiz F. Ricas
Escrito em 21/05/2009 às 11h10min

SONETO SOBRE UMA NOITE E NADA MAIS

Não quero seu telefone
Não quero saber seu nome
Não quero saber quem és
Não quero conhecer seus anseios
Não quero fazer suas vontades
Apenas quero seus beijos
Apenas quero realizar teus
Sonhos mais próximos
Apenas quero beijar tua nuca
Apenas quero que você seja
A mais feliz das mulheres
Nas próximas horas

Quero te sentir a mais amada
Para depois nunca mais te ver

Luiz F. Ricas
Escrito em 07/05/2009 às 20h11min

Sonhos

Sonhos mais sonhos

______________Sonhei

____________________Sonhamos


Sonho que se sonha só

________________É só um sonho que se sonha só*

_______________________________________Sonharemos


A realidade


__________Não será mais realidade


Sim, eu sonhei que não sonhava**

_________________________Fechei os olhos e acordei


____________________________________Nothing is real***
____________________________________The Dream is over****


Fechei os olhos e parei de sonhar


Luiz F. Ricas
Escrito em 17/03/2009 às 9h34min

* Raul Seixas em Prelúdio
** Roberto Daga, um dos fundadores da Gaviões da Fiel Torcida
*** John Lennon & Paul McCartney in Strawberry Fields Forever
**** John Lennon anunciando o fim dos Beatles
No alto da montanha
Faleço-me, faleço-me
Sinto a dor da subida
Faleço-me, faleço-me
A dor de meus peitos
Sentindo a falta de ar
Que mata meu espírito
Meu sopro de vida
Queima minha laringe
Dolorida de tanto gritar
Pedindo ajuda, chorando
Procurando, procurando
Procurando a mim mesmo
Que não me encontro
Velho xamã que me olha
Entrega sua flor de lótus
Quero viver, quero sentir
Cantar, amar, amar, amar,
Mas não vejo luz
Só vejo a dor, a dor que sinto
Da ferida em minha alma
Lá enraizada, perdida
Encravada, aberta
Perdida e dolorida
Meu inimigo me vence
Ele sempre vence
A dor me paralisa
O medo da dor
Traz paralisia
Paralisia que traz dor
Que dói porque dói
Dor da fuga da dor
Lá no alto vejo
Violência e angústia
Resistência de quem
Não quer voltar
Lá sou só eu
Aqui não sou nada
Diria Pessoa, nunca
Serei nada, só tenho
Todos os sonhos desse
Mundo que me odeia
Porque me faz doer
As dores que não devia
Sentir, mas sinto
Perco, perco, perco
Perco para mim mesmo
Foda-se o mundo
Eu não me venço
Como vencer o
Mundo.
Meus ombros doem,
Tenho que descer.
Os olhos da águia
Meu mostram meu ser,
Alimentado de dor.
Meus sentimentos
São uma criança
Atravessando uma rodovia.
Geralmente é atropelada
Quero passar, quero
Descer, quero viver
Quero sorrir, quero
Ser feliz, quero ar
Quero-me, quero-me
Amar, somente quero
Somente quero, somente quero...

Luiz F. Ricas
Escrito em 19/05/2009 às 20h aproximadamente
Angústia
______Dores
__________Sofrimento
__________________Tristeza
________________________Decepção
_______________________________Amor


_________________________CALOR


_______________________________Amor
_________________________Carinho
_________________Felicidade
__________Plenitude
_____Tesão
...

Luiz F. Ricas
Escrito em 12/03/2009 às 07h aproximadamente

SONETO SOBRE A VIOLÊNCIA POLICIAL

Você vai pagar
Cada instante de dor
Cada lágrima entalada
Cada gota de ódio
Presa em meu sangue
Fervido pelo preconceito
Cozido pela sua violência
Servido pela sua intolerância
Mas sua hora vai chegar
Sua repressão tem data marcada
Mais cedo ou mais tarde
A boiada vai estourar

E aí eu quero ver é aparecer
Homem para bater de frente.

Luiz F. Ricas
Escrito em 16/02/2009 às 7h aproximadamente

SONETO SOBRE A INSEGURANÇA

Ele olhava ao redor e via vários pseudo canais e não via nada, só se via só. Só em um mundo fugitivo da solidão.

Convulsões e transpirações
Dores e angústias
Medos e sensações
Da busca insana
Da segurança na alma
Da conquista perigosa
Da luta eterna
Entre desejo e ação
Entre coragem e fobia
Entre o espelho e a imagem
Busca infrutífera
Do brilho nos olhos necessários

Para apenas falar que quero
Beijar-te o resto de minha vida

Luiz F. Ricas
Escrito em 19/02/2009 às 11h08min