sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

COMO FAZER MARKETING


Para descontrair um pouco, uma aula de como fazer marketing:



segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

http://www.desmemoriafeminina.blogspot.com/


selinho da Paula

Aqui Para um Jogador e Começa um Mito

Em 1993, aos 16 anos, começava a carreira de um jovem jogador de futebol que talves mude toda a nossa forma de ver futebol. O fluminense Ronaldo Luis Nazário de Lima estreou no Cruzeiro, no campeonato Brasileiro daquele ano já fazendo história, em partidas
espetaculares, como os cinco gols marcados contra o Bahia de Rodolfo Rodriguez. No ano seguinte, sua impressionante média de gols (quase 1 por jogo) fez com que Carlos Alberto Parreira convocasse e integrasse o jovem ao grupo que viria a se tornar campeão da Copa do Mundo de 1994, nos EUA. Logo após, esse momento, ele vai para a Holanda, jogar no PSV-Eindhoven, onde se sagra campeão da Copa da Holanda. Vai para o Barcelona em 1996 e é campeão da Supercopa-1996, da Copa do Rei-1997 e da Recopa-1997 e faz o gol mais lembrado da sua carreira, quando pega a bola da sua intermediária, dribla o time todo do Compostela e chuta para as redes.

Ainda em 1996 começa a sentir os joelhos, perde a Olímpiada com o Brasil (medalha de bronze), título inédito para o país até hoje. Isso não impede de ser eleito o melhor do mundo pela primeira vez. Os dribles desconcertantes, as arrancadas até dentro do gol, as finalizações precisas, o poder de decisão, a estrela, a impressionante média de gols e a beleza da maioria deles, levam-no a ser eleito novamente o melhor do mundo novamente no ano seguinte. Sai do Barcelona e vai para a Internazionale de Milão. Joga a Copa de 1998 com o peso de ser o melhor jogador em atividade no mundo, vai bem, faz quatro gols e leva o time até a final, mas no dia da mesma, tem uma convulsão, provavelmente pela pressão psicológica que estava sofrendo e uma reação a uma infiltração no joelho (injeções aplicadas em jogadores de alto rendimento para protelar a dor de uma contusão). O Brasil chegou a ser anunciado com Edmundo escalado para a final, mas a patrocinadora vitalícia do jogador (isso mesmo, ele tem um contrato de patrocínio até o fim da vida de 500 mil dolares mensais) e fornecedora de material esportivo da seleção pressiona pela escalação dele que entra em campo junto com uma seleção desconcentrada e irreconhecível, que toma 3x0 da França de Zidane e vê os donos da casa serem campeões do mundo.
Na Inter, suas atuações de gala lhe rende o apelido que levaria até o final da vida: Fenômeno. Apesar de ganhar apenas um título, o da Copa da Uefa em 1998, o primeiro internacional de clubes em sua carreira, seu carisma, futebol e uma série de contusões gravíssimas elevam-no a condição de mito. Rompe o tendão patelar do joelho direito em 1999, fica meses em tratamento e no primeiro jogo, em 2000, contra a Lazio em Roma,
gera uma das imagens mais fortes que o futebol já viu, ao tentar dar uma arrancada, o mesmo tendão rompe totalmente, onde dá pra ver o osso saindo do lugar e quase rompendo a pele da coxa direita do jogador. Os jogadores ao redor ignoram a bola e vão em direção a ele, desesperados, o estádio fica em silêncio e parecia que sua carreira estava acabada. Até então, nunca um jogador de futebol havia conseguido voltar a jogar em alto nível depois de uma contusão dessas. Fica 15 meses em tratamento e Luís Felipe Scolari, técnico da seleção na época, numa decisão surpreendente e polêmica, deixa Romário (apesar dos protestos do país inteiro, até do presidente da República) de fora da Copa de 2002 na Coreia do Sul e Japão e leva Ronaldo, que estava há dois anos sem jogar uma partida inteira.

Na Copa de 2002, a imagem do jogador foi outra, com um cabelo que parecia o personagem de desenho animado Cascão, ele se iguala ao mito da Fênix, a ave que surge das cinzas nas mitologia grega e com um futebol estonteante, faz oito gols, é artilheiro da Copa, sendo dois gols na final e leva o Brasil ao seu quinto título mundial. Troca de clube, vai ao Real Madrid, gerando protestos da torcida do Barcelona, clube que naquele momento tirava a sessão dedicada a ele em seu memorial. Ganha a Copa Intercontinental (aqui no Brasil conhecido como Mundial de Clubes) e é eleito pela terceira vez o melhor jogador do mundo pela Fifa, marca só superada por Marta no futebol feminino (eleita cinco vezes). Virou herói nacional, apesar de estar então há oito anos fora do Brasil. No Real Madrid, ainda conquistou os Campeonatos Espanhóis de 2003 e 2007 e a Supercopa da Espanha de 2003. Muito pouco para um time que era conhecido como "Galático" por contar em seu plantel, nomes como o dele, Zidane, Roberto Carlos, Beckham, Casillas, entre outras estrelas. Suas constantes festas em casa e sua vida noturna o colocam em colisão com a nova diretoria do clube, sem espaço, vai para o Milan, onde vê seu time ser campeão da Champions League de 2007 sem sua ajuda, já que não pode disputar porque havia jogado o mesmo campeonato pelo Real. Mas havia um nova contusão no joelho, agora no esquerdo e uma recém revelada disfunção hormonal que explodiu seu peso. Aliás, essa é a última imagem de Ronaldo, na seleção, muito gordo, disputa a Copa de 2006, tendo o Brasil como favorito absoluto, já que havia ganho todos os torneios que disputara nos últimos quatro anos, mas o time não jogou bem e foi eliminado pela França de Zidane e Henry nas quartas de final. Mas nessa Copa, Ronaldo fez três gols e se consagrou como o maior artilheiro de Copas de todos os tempos, com 15 gols. Esse jogo contra a França foi seu último pela seleção.

Saí do Milan e vem se tratar no Brasil durante o ano de 2008, faz tratamento no Flamengo, seu clube de coração até então e declarava para quem quisesse ouvir que era flamenguista e frequentava o Maracanã em dia de jogos do clube rubronegro, mas aparentemente o Flamengo não acreditava que ele pudesse voltar a jogar em alto nível, porque enquanto esteve lá, não recebeu nenhuma sondagem do clube carioca. Ao contrário, o presidente do Corinthians, em dezembro daquele ano, faz uma proposta inédita no Brasil, pagaria um salário dentro dos padrões do clube, então muito endividado e récem regresso da Série B do campeonato Brasileiro, mas daria parte dos patrocínios estampados na camisa do Corinthians (calção e mangas). Isso fez que o uniforme do time parecesse um classificado, mas colocou o Corinthians com a quinta maior arrecadação por patrocínio do mundo. Mesmo assim jogou meses sem patrocínio algum na camisa antes de fechar com a Hypermarcas.

Lembra da Fênix, o mito ressurge: já no segundo jogo, faz um gol que empata o clássico contra o Palmeiras, na comemoração sobe o alambrado que cai com o peso da torcida comemorando junto. No primeiro semestre de 2009, joga em altíssimo nível e ganha com o Corinthians, ressurgindo ambos das cinzas, fazendo gols decisivos e bonitos, a Copa do Brasil e o Campeonato Paulista. No segundo semestre quebra a mão em um jogo contra o Palmeiras e engata uma série de lesões musculares, álem de um considerável ganho de peso. Em ritmo e fora de forma, disputa os campeonatos do ano do centenário do Corinthians em má fase e perde todas as disputas: Libertadores, Paulista e Brasileiro. Começa esse ano ainda mais fora de forma e com mais dificuldade de mobilidade e perde a Libertadores de forma inédita, na fase da respecagem para um time sem tradição da Colômbia, o que gera violentos protestos da torcida, onde seu nome é o principal alvo. Vira motivo de chacotas, em especial em relação ao seu peso e hoje, numa emocionada entrevista coletiva, anuncia o fim de sua carreira. Se declarou corinthiano, apaixonado pela sua torcida, pediu desculpas por perder a Libertadores, único título de expressão que falta ao Corinthians (assim como as Olimpíadas para o Brasil). Chorou e fez todos chorarem e no mesmo lugar onde a torcida quase o agrediu, duas semanas após, agora os torcedores corinthianos o cercavam para saudá-lo e dizer adeus. Anuncia-se embaixador do clube.
Ronaldo, antes Ronaldinho, depois Fenômeno, Galático ou qualquer outro adjetivo ou apelido assim ensinou ao mundo a superação, lutou até onde deu, ressurgiu três vezes para o futebol com contusões que pararam carreiras como a de Zico, Neto, Reinaldo, Van Basten, entre muitos outros. bateu recordes, se tornou um dos esportistas mais ricos do mundo (sua fortuna ultrapassa 600 milhões de reais). Virou lenda. Seus filhos e netos perguntarão se ela era tudo isso mesmo e duvidarão do brilho em seus olhos ao relembrar gols espetaculares e quase sempre decisivos. A idade chegou e ele não consegue mais fazer o que sempre fez: se superar e hoje anunciou o fim de uma era. Hoje acabou uma carreira de jogador de futebol, mas começou uma lenda, um mito, esse sim, eterno.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

CIRANDAR - Artigo

Artigo escrito em parceria com ELAINE MARLEI ALVES acerca das Cirandas, dança circular tradicional e folclórica portuguesa muito popular no Brasil, amplamente difundida pela tradição oral popular, principalmente nas regiões litorâneas pernambucanas, fluminenses e paulista, assim como na Zona da Mata pernambucana e no Vale do Paraíba paulista, sendo muito popular entre as crianças, porém dançada por adultos nas regiões supra citadas e do projeto CIRANDAR, um espetáculo que une dievrsas linguagens artísticas em torno do rito.

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A embriaguez no futebol

Sejamos dionisíacos, e deixemos que nossos afetos sejam excitados e intensificados. Durante a copa africana, por sinal, Cruyff clamava justamente por isso, criticando a “antiarte” que levamos aos campos

Muitas vezes nos surpreendemos com atuações medíocres de determinados jogadores, os quais, como sabemos, jogam muito mais do que naquele instante ou fase. A percepção das causas do fato passa necessariamente pelo estado anímico desse indivíduo, quando chamado a desfilar suas qualidades em campo.

Ou, por outro lado, nos encantamos com a destreza, a beleza, a criatividade e a alegria do talento de determinados atletas que em alguns momentos parecem deuses. Também aqui a sensibilidade, a liberdade, a independência, a clareza e a leveza são decorrentes do estado emocional em que ele se encontra.

Como dizia Nietzsche: “Para que exista arte, para que exista algum fazer e contemplar estético, é imprescindível uma condição fisiológica: a embriaguez. A embriaguez precisa inicialmente ter intensificado a excitabilidade da máquina inteira. Antes disso não se chega a arte alguma. Todos os tipos de embriaguez, por mais distintamente condicionados, têm força para tanto: sobretudo a embriaguez sexual, a mais antiga e mais originária forma de embriaguez. Da mesma maneira, a embriaguez que segue todos os grandes apetites, todos os afetos intensos; a embriaguez da festa, da competição, da façanha, da vitória, todo movimento extremo; a embriaguez da crueldade; a embriaguez na destruição; a embriaguez influenciada por narcóticos; por fim, a embriaguez da vontade, a embriaguez de uma vontade acumulada e intumescida. O essencial da embriaguez é o sentimento de plenitude e intensificação da força. É a partir desse sentimento que damos às coisas, que forçamos que tomem de nós, as violentamos – esse processo é chamado de idealização. A idealização não consiste, como geralmente se acredita, em tirar ou subtrair o que é pequeno, secundário. O decisivo, antes, é um colossal transbordar dos traços principais, de modo que os demais desaparecem”.

Todos os rituais respeitados por quase todos os atletas – e cada um deles possui um ritual exclusivo que se manifesta nos instantes que antecedem uma partida, além daqueles que são originários da mobilização coletiva – têm como objetivo básico a busca da embriaguez plena.

O tipo de embriaguez que buscam depende do caráter e da personalidade de cada indivíduo, e de tudo aquilo que ele está vivendo em determinado momento. E nem sempre essas particularidades permitem que ele encontre a embriaguez necessária para o pleno desempenho ou a entrega ao que se propõe a fazer. Daí a diversidade do tipo e da essência da arte que consegue extrair de seu ser ou da não arte que deixa de se esconder de seu autor e transparece mesmo contra a vontade do mesmo.

E aí voltamos ao filósofo: “Só na embriaguez enriquecemos todas as coisas com a nossa própria plenitude: o que se vê, o que se quer, é visto intumescido, apinhado, enérgico, sobrecarregado de força. O homem que se encontra nesse estado transforma as coisas até que reflitam o seu poder – até que sejam reflexos de sua perfeição. Esse ter de transformar em perfeição é arte. Mesmo tudo aquilo que ele não é se torna, apesar disso, um deleite consigo mesmo; na arte, o homem goza a si próprio como perfeição”.

E é nesse estado de embriaguez que se baseia o futebol brasileiro. É o que encanta todos os amantes do futebol chamado de arte. É o que nos faz diferentes de todo o resto da humanidade no quesito futebol. Nenhuma cultura consegue chegar perto daquilo que podemos mostrar dentro de um campo de futebol.

Sejamos dionisíacos; deixemos que nossos sistemas de afetos sejam excitados e intensificados. Isto é, descarreguemos tudo o que é expressivo de uma só vez; liberemos a força de representar, imitar, transfigurar e transformar, bem como nossa teatralidade. É para o que clamava Cruyff, durante o mundial da África do Sul, nos chamando a atenção para o que estávamos escondendo, camuflando, omitindo. E isso só ocorreu porque ali se buscava a “antiarte”. Aquela que é exatamente o estado contrário do que somos instintivamente – de modo que fizemos com que todas as coisas se tornassem pobres, rarefeitas, esgotadas.

De fato, a história é rica de agentes da “antiarte”, esfomeados que são da vida: são os que, necessariamente, precisam se apossar das coisas, consumi-las, deixá-las mais magras, secas e mortas.