quinta-feira, 26 de abril de 2012

Passarim

Passarim nasce livre
Passarim não quer gaiola
Passarim tem que voar
Passarim não pode temer
Passarim não voa só
Eu quero te levar
aonde o vento soprar
Eu vou voar ao seu lado
Aonde o vento soprar
Eu te quero, voa!
Aonde o azul desaparece
E o vento gélido esconde
Te quero aquecer
Eu quero você, você
Livres, juntos, livres

terça-feira, 24 de abril de 2012

Compasso 24 - Trecho descartado do livro final

mais uma briga
cheia de tristezas
mais um dor
lotada de dúvidas

Para que erguer sonhos
se tudo desmorona
Para que juras de amor
Se nenhuma te emociona

Como posso amar
Se você não acredita
Com que armas lutar
contra sua indiferença maldita

Não importa o quanto eu diga
Não importa se eu te amo
Não haverá como te convencer
a me acompanhar até morrer

Não consigo para de chorar
Ao pensar nas suas palavras
O que eu faço te acreditar
com mil e uma lavras

Só me resta o violão
aquele que me aceita
que entende minha paixão
Aquele que só aceita

Só me resta a canção
em suas cadências perfeitas
para acalmar o coração
os sons de suas notas

Sim, novamente a música
conforta, acalma e explica
A ânsia de um coração
buscando equilibrar sua emoção

Meu companheiro eterno
Me entende e corresponde
Faz o certo quando acerto
Meu gerador de sons, o violão.

terça-feira, 17 de abril de 2012

Os limites do lulismo

Há alguns anos, o cientista político André Singer cunhou o termo "lulismo" para dar conta do modelo político-econômico implementado no Brasil desde o início do século 21.

Baseado em uma dinâmica de aumento do poder aquisitivo das camadas mais baixas da população por meio do aumento real do salário mínimo, de programas de transferência de renda e de facilidades de crédito para consumo, o lulismo conseguiu criar o fenômeno da "nova classe média".

No plano político, esse aumento do poder aquisitivo da base da pirâmide social foi realizado apoiando-se na constituição de grandes alianças ideologicamente heteróclitas, sob a promessa de que todos ganhariam com os dividendos eleitorais da ascensão social de parcelas expressivas da população.

O resultado foi uma política de baixa capacidade de reforma estrutural e de perpetuação dos impasses políticos do presidencialismo de coalizão brasileiro.
No entanto é bem possível que estejamos no momento de compreensão dos limites do modelo gestado no governo anterior. O aumento exponencial do endividamento das famílias demonstra como elas, atualmente, não têm renda suficiente para dar conta das novas exigências que a ascensão social coloca na mesa.

É fato que o país precisa de uma nova repactuação salarial. As remunerações são, em média, radicalmente baixas e corroídas por gastos que poderiam ser bancados pelo Estado. Por isso, é possível dizer que a próxima etapa do desenvolvimento nacional passe pela recuperação dos salários.
A melhor maneira de fazer isso é por meio de uma certa ação do Estado. Uma família que recebe R$ 3.500 mensais gasta praticamente um terço de sua renda só com educação privada e planos de saúde. Normalmente, tais serviços são de baixa qualidade. Caso fossem fornecidos pelo Estado, tais famílias teriam um ganho de renda que isenção alguma de imposto seria capaz de proporcionar.

Entretanto a universalização de uma escola pública de qualidade e de um serviço de saúde que realmente funcione não pode ser feita sob a dinâmica do lulismo, pois ela exige investimentos estatais só possíveis pela taxação pesada sobre fortunas, lucros bancários e renda da classe alta. Ou seja, isso exige um aumento de impostos sobre aqueles que vivem de maneira nababesca e que têm lucros milionários no sistema financeiro.

Algo dessa natureza exige, por sua vez, uma mobilização política que está fora do quadro de consensos do lulismo.Porém a força política que poderia pressionar essa nova dinâmica ainda não existe no Brasil. Ela pede uma esquerda que não tenha medo de dizer seu nome.

Fonte: http://sergyovitro.blogspot.com.br/2012/04/vladimir-safatle-os-limites-do-lulismo.html

Só discordo de um ponto de vista: o lulismo nasceu da vontade da população em ter um líder carismático e moderado, daí as "grandes alianças ideologicamente heteróclitas", o pt rasgou quase todo seu programa para chegar no poder justamente pq a população não aceita mudanças mais aprofundadas. O caso mais bizarro é que a maior resistência ao governo lula foi justamente dessa classe media ascendente. Vi muito cara comprando casa, comprando carro, botando filho na faculdade e falando que o país está uma merda. Criou-se através de políticas públicas um liberalismo parecido com o estadunidense (eu (indíviduo) to bem, foda-se o resto do mundo). Me lembra da frase do Trotsky: Todas as revoluções são impossíveis até que elas se tornem inevitáveis"

Concordo integralmente com o restante da análise dele, apesar de ainda não ver con juntura para tal. As pessoas não reclamam de saúde, educação e corrupção, reclamam de pagar impostos altos. Ou seja, tudo pode estar uma merda desde que eu não pague. Na Europa tem cargas tributárias que chegam a 90% da renda do individuo e ninguém reclama do imposto, pois tem os serviços que necessitam em troca, por exemplo: educação, transporte e saúde públicas, universais e de qualidade. Aqui as pessoas preferem comprar um carro, pagar uma escola privada e um plano de saúde e reclamar da carga tributária. Mudando essa conjuntura o último paragrafo se aplica integralmente. Só mudando os indivíduos que formamos um coletivo mais forte. O pt não é mais esse partido e pior não temos nenhum outro movimento de força com essa intenção, mesmo o Psol ainda está impregnado de discursos soviéticos fora da realidade contemporânea.