terça-feira, 13 de maio de 2014

Cornthians Personalitè


Hoje eu entendo como deve ter se sentido o torcedor do Milan, orgulhoso de sua história, das brigadas antifascistas rossoneras quando o mesmo foi comprado por Berlusconi, o mafioso mais podereso do país. Como se sentiu o torcedor balgrana quando seu Camp Nou orgulho da resistência à Franco virou um palco de luxo para sócios de um banco e deixou de fora. Já senti isso quando o futebol do Corinthians foi "vendido" por dois anos para a máfia russa. E no ano seguinte Fausto veio cobrar sua conta e caimos para a série B. E nos reconstruímos atingindo em pouquíssimo tempo o topo do mundo. Ganhamos os títulos que nos faltava, capitalizamos a paixão do torcedor e criamos uma estrutura digna dos maiores gigantes do mundo do futebol. Do trailer ao CT Joaquim Grava. Do terrão ao Japão. Da modesta Fazendinha à uma Arena de abertura de Copa. Mas esse crescimento veio num cenário brasileiro onde o torcedor pobre é sistematicamente expulso do estádio. E o Corinthians continuava tendo as maiores medias de púbico mesmo manjorando sistematicamente seu valor de acesso ao estádio. Oferta e procura. O melhor momento da sua história escondeu em nossa alegria um sistemático processo de elitização da torcida brasileira. Só é bem vindo aquele que pode pagar caro por uma camisa do time, pelo seu ingresso e pelo estacionamento. O povo que ja havia sido expulso do clube sistemticamente também está sendo expulso do estádio. Ignora por exemplo, o modelo alemão que busca trazer o torcedor para dentro estaio à preços populares e tirar essa diferença de arrecadação com o consumo dentro do espaço sempre totalmente ocupado e mantém altos índices de arrecadação. Ou seja, não é arrecadação, é ideologia!

Agora de novo, quando nossa casa vira uma mansão de milionários. Ingressos a preços excludentes. Aquela nata que comanda o clube quer transformá-lo num clube como outro qualquer, onde as taças contam a sua história e seus torcedores são meros colecionadores de títulos. Em nome de uma higienização social e de dinheiro rasga sua história. Esquece que foi o povo que faz esse time. Ignora a massa que carregou esse time nas coistas mesmo quando não disputou a liga, mesmo quando ficou duas décadas sem vencer. Mesmo que ficou 50 anos sem um titulo de expressão nacional. Nossa história é dos cinco operários que em frente a uma barbearia fundaram o time do povo para o povo. Esse povo que comprou rifa para comprar seu primeiro unfiorme e bola. Que fez em mutirão seu primeiro campo e seu primeiro estádio. Que acompanhou você em invasões históricas. Que te levantou, te carregou até nos piores momentos. Porque? Uma taça era só um detalhe. No Corinthians todos somos um. É um estado de espírito. É um estado de união. A torcida apoia o clube na boa e na má fase porque tudo é um só. Não somos a terceira pessoa na conjugação corinthiana, somos a primera pessoa do plural. O time do povo que faz o time. Jogamos junto, podemos às vezs jogar mal, mas jogamos junto. Em 2012 o mundo conheceu a fiel. A CNN que nos chamara de pequeno anos antes agora nos cahama de torcida mais louca do mundo. Entenderam qual é a nossa grandeza. Antes de termos nos somos. O troféu que veio nos encheu de alegria e orgulho mas ele foi uma consequencia e ousaria dizer até um detalhe de quem nós somos.

Agora essa nata de eleitos que comandam essa paixão, essa sensação de pertencer a algo único, coletivo, ativo excluem aqueles que construiram sua história do seu ápice. O povo está fora da casa do povo. Eis agora uma diretoria e parte da sua torcida que ainda pode pagar por seu rito ignoram todo um sentimento. Só um aviso. O povão nunca abandonou o time, principalmente em seus piores momentos. Mas esse espectador de buffet de nozes e canapés abandona o time quando seu resultado dentro de campo desaparece. Já o povão, aquele que chora, que sofre, que se enrola na bandeira e que defende sua história na padaria, na empresa, na escola, na rua está fora da nova casa. Parabéns Corinthians Personalitè. Quero ver essa “torcida” viajar para o outro lado do mundo e cantar sem parar até quando toma gol, alías querioa ver essa “torcida” cantar. Quero ver essa “torcida” comprar camisa quando o time tiver caindo...

Espectador não torce, ele assiste. Torcedor suporta, joga junto, empurra. Essa bandeira da torcida corinthiana existe porque somos todos uma só existência. Se tirar esse fator do nosso campo, o Corinthians perde o que tem mais forte, o que te define: sua aura, seu estado de espírito, sua razão de existir. Todos são Corinthians não só aqueles que podem pagar caro para demonstrar isso. POrque o povo no começo vai pagar mas na hora que faltar o leite das crianças vai deixar a Arena para um rito aristocrático de alguns milhares de eleitos. E aí um espírito morre. Uma história se apaga e não tem trófeu no mundo, time competitivo no mundo, contrato no mundo que pague isso.

Obs.: Só dois avisos a "nata". Nós (todos nós) somos Corinthians e a nata é a parte do leite que a gente joga fora. O mundo dá voltas...