sábado, 15 de novembro de 2014

a dança da pantera negra

Esse é o vídeo clipe completo dessa que é uma das mais famosas músicas e vídeos do "rei do pop". O que alguns não sabem é que o "king of pop" era muito politizado e que em suas letras, símbolos e coreografias defendia e abordava seus ideias, em especial da questão do racismo.

Muito forte e respeitado pelos movimentos sociais a partir do 5min30s desse vídeo que nas transmissões via TV (em especial a MTV estadunidense) ele se encerra (ou seja, foi censurado), na verdade ele continua executando um solo de dança que a pantera negra destrói símbolos racistas...

Não passarão!!!

para maiores ilustrações de alguns dos signos citados
http://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_dos_Panteras_Negras
http://pt.wikipedia.org/wiki/Nazismo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Ku_Klux_Klan

sábado, 8 de novembro de 2014

A vitória corinthiana e do futebol popular de 1914

Há exatos cem anos o Colosso alvinegro ganhava seu primeiro título da liga do Campeonato Paulista. Só por ser nosso primeiro título já deveria por si só ser lembrado e relembrado e comemorado. Mas graças a esse título temos uma nação corinthiana e nos consolidamos como time do povo e uma vital importância na popularização do esporte bretão. Encantados com o futebol apresentado pelo Corinthian FC dias antes, em 1º de setembro de 1910 fundaram o Sport Club Corinthians Paulista e com uma diretriz claramente anarquista com seu primeiro presidente aliterando uma frase de Enrico Malatesta para ser o lema de fundação do clube: "Todo poder emana do povo e é o povo que fará o poder" (em "Escritos Revolucionários") para "Esse é o clube do povo e é o povo que fará esse time". Com uma rifa e uma vaquinha compram seu primeiro material esportivo. No Bom Retiro já havia um time fortíssimo, o Botafogo, inclusive esse a base do time inicial do Corinthians. A ideia era ter um time que fosse feito pelo povo e que gerasse alegrias e orgulho ao povo. A glória era importante. Manter um time competitivo também. Joaquim Perrone, um dos cinco presentes na reunião de fundação dizia que era importante para o povo que o Corinthians fosse um time vencedor para levar alegrias e acima de tudo, orgulho ao povo sofrido, imigrante e alforriado. Discriminado e excluído dessa sociedade paulistana que ainda não mudou nada nos últimos cem anos. Entre 1911 e 1913 se manteve imbatível nos campeonatos organizados nos campos das várzeas e pleiteou entrar no campeonato da liga, o campeonato da elite burguesa paulistana. Após passar por um disputado quadrangular ele teve o direito a disputar o Campeonato da Liga Paulista de Football. No ano seguinte, comandados por Amílcar e Neco ganharam todos os jogos e levantaram o caneco contra a elite paulistana. Essa vitória do colosso alvinegro (finalmente assumiram o branco da camisa creme desbotada como cor oficial e o negro dos calções e meiões, fora seu primeiro símbolo, um C e P estilizados) foi histórica por diversos motivos.

Porque esse título foi tão importante por uma torcida que se notabilizou por dizer que troféus são detalhes e o importante é o amor ao clube em si? Porque paradoxalmente foi esse título que consolidou a insígnia corinthiana. Já havia clubes de várzea populares naquela época como o já citado Botafogo do Bom Retiro. Mesmo na Liga paulista já havia um clube operário desde 1908, o Ypiranga ou mesmo no RJ já havia o Vasco da Gama que apesar de ser da colônia portuguesa não adotava os critérios raciais da época para montar seus time ou mesmo o clube operário Bangu. A grande consolidação do time popular que levava multidões para vê-los foi a vitória de 1914, pois ela toma um ar revolucionário. A vitória dos pobres contra os ricos. A junção do povo, dos povos, contra a elite que domina.

Enfim a vitória dos corintios anarquistas e incômodos contra os cheirosos representantes que ainda hoje se incomoda em dividir o espaço com os mais pobres. Que se irrita em ver gente diferenciada dividir os espaços com eles e ter protagonismo em seus espaços antes exclusivos. A vitória corinthiana de 1914 incomodou aqueles que ainda hoje reclamam de perder um metro da rua para uma ciclovia ou de ter um metrô no seu bairro higienizado e ter pobres dividindo seu aeroporto. Essa vitória consolidou a popularização desse esporte então elitizado mas que já havia caído no gosto popular.

E ainda hoje incomoda essa gente falando alto e falando palavrão e ainda pior, gritando, é campeão, é campeão, é campeão.

Na foto, em pé: Américo, Peres, Amílcar, Aparício e Neco. Agachados: Police, Bianco e César Nunes. Sentados: Fúlvio, Sebastião e Casemiro Gonzales.