sexta-feira, 8 de maio de 2015

O futebol e a vida, onde tudo pode acontecer

O futebol e a vida, onde tudo pode acontecer
O grande lance do futebol que o torna um esporte admirado e amado em praticamente todo mundo é o imponderável. Cujas as apostas nem sempre ganham. Um lugar onde a soberba e o salto alto pagam preços altíssimos. Que nos mostra que por mais impossível que algo possa parecer, pode sim acontecer.
Tem que ter raça, tem que ter fé, tem que ter entrega, tem que ter qualidade, tem que ter respeito aos adversos. Nada disso garante o sucesso, mas sem eles é quase certo o fracasso. Assim como na vida. Se tudo está contra só a determinação e a fé para poder mudar.
Não é obrigação vencer. A obrigação é se entregar, é se jogar na vida. Lutar pelo acredita para que suas crenças virem realidade.
Nesse caso do vídeo: final da copa verde (entre times do norte e centro oeste do país) o time paraense fez 4@1 no primeiro jogo e já vendia en sua loja oficial a camisa de campeão. Na volta o Cuiabá fez 5@1, colocando um imponderável 6@5 no agregado e deixou a taça no centro oeste.
Queria deixar esse exemplo para o Corinthians quarta que vem. Os dois lados do exemplo, a soberba do resultado e a determinação de reescrever o destino do vitorioso.
Vencer não é nunca a obrigação, pois do outro lado também há um exército com esse propósito. Mas lutar, acreditar, se entregar, isso sempre. Soar sangue para fazer seus sonhos virarem realidade assim como na vida. Pode não ter o resultado almejado, mas você terá a certeza que fez o que deveria fazer.
Vamos jogar com raça e com o coração. É o time do povo, é o Coringão.
Parabéns matogrossenses por mostrar que sempre se deve ter fé e raça.
Miressem no exemplo daqueles homens de Cuiabá, Corinthians. Porque os soberbos merecem sempre a derrota e a raça, fé, determinação, vontade e luta quando juntas já são uma vitória. E só elas trazem a vitória


quinta-feira, 7 de maio de 2015

Não Seja professor por Vladimir Safatle

Não Seja professor
VLADIMIR SAFATLE
Folha de São Paulo, 5 de maio de 2015
Quem escreve este artigo é alguém que é professor universitário há quase 20 anos e que gostaria de estar neste momento escrevendo o contrário do que se vê obrigado agora a dizer. Pois, diante das circunstâncias, gostaria de aproveitar o espaço para escrever diretamente a meus alunos e pedir a eles que não sejam professores, não cometam esse equívoco. Esta "pátria educadora" não merece ter professores.
Um professor, principalmente aquele que se dedicou ao ensino fundamental e médio, será cotidianamente desprezado. Seu salário será, em média, 51% do salário médio daqueles que terão a mesma formação. Em um estudo publicado há meses pela OCDE, o salário do professor brasileiro aparece em penúltimo lugar em uma lista de 35 países, atrás da Turquia, do Chile e do México, entre tantos outros.
Mesmo assim, você ouvirá que ser professor é uma vocação, que seu salário não é assim tão ruim e outras amenidades do gênero. Suas salas de aula terão, em média, 32 alunos, enquanto no Chile são 27 e Portugal, 8. Sua escola provavelmente não terá biblioteca, como é o caso de 72% das escolas públicas brasileiras.
Se você tiver a péssima ideia de se manifestar contra o descalabro e a precarização, caso você more no Paraná, o governo o tratará à base de bomba de gás lacrimogêneo, cachorro e bala de borracha. Em outros Estados, a pura e simples indiferença. Imagens correrão o mundo, a Anistia Internacional irá emitir notas condenando, mas as principais revistas semanárias do país não darão nada a respeito nem do fato nem de sua situação. Para elas e para a "opinião pública" que elas parecem representar, você não existe.
Mais importante para elas não é sua situação, base para os resultados medíocres da educação nacional, mas alguma diatribe canina contra o governo ou os emocionantes embates entre os presidentes da Câmara e do Senado a fim de saber quem espolia mais um Executivo nas cordas.
No entanto, depois de voltar para casa sangrando por ter levado uma bala de borracha da nossa simpática PM, você poderá ter o prazer de ligar a televisão e ouvir alguma celebridade deplorando o fato de o país "ter pouca educação" ou algum candidato a governador dizer que educação será sempre a prioridade das prioridades.
Diante de tamanho cinismo, você não terá nada a fazer a não ser alimentar uma incompreensão profunda por ter sido professor, em vez de ter aberto um restaurante. Por isso o melhor a fazer é recusar-se a ser professor de ensino médio e fundamental. Assim, acordaremos um dia em um país que não poderá mais mentir para si mesmo, pois as escolas estarão fechadas pela recusa de nossos jovens a serem humilhados como professores e a perpetuarem a farsa.
VLADIMIR SAFATLE