segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

A queda do clube do povo

Ontem como torcedor de um rival acirrado do colorado gaúcho me senti vingado por 2007 e pelo DVD ou por toda a choradeira promovida pela atual diretoria. Mas hoje me deparo com essa pérola nessa nossa ostra. Então vou "falar sério"

Esse texto talvez explique para quem não vive o futebol a essência do pertencimento que ele promove. Trabalho há anos com arte, talvez o único estrato social que a paixão pelo futebol seja ignorada, por vezes menosprezada.

Quantas vezes, ouvi que não tenho perfil de torcedor, ainda mais corinthiano. Sempre relevo essa observação ultra preconceituosa que joga milhões num censo comum de ignorância, pois nunca tive perfil de nada, nem de artista, nem de professor, nem de torcedor.

Sempre fui um marginal, pois sempre sou um estrangeiro em ambientes que se auto pregam superioridade. Único momento que não me sinto assim é na hora do gol do Corinthians.

Naquele instante somos todos alegria. Somos todos um. Mesmo aqueles que odiamos nos abraçam, aqueles que nem se conhecem. Pois sabem e sentem que naquele momento, somos um.

Ler esse texto me veio muitas memórias afetivas, assistindo jogo com meu pai, fanático torcedor do alviverde da Rua Palestra Itália. A dor da queda (até às 18h03 de 2 de Dezembro de 2007 acreditava num milagre) foi como descrita pelo colega colorado no texto anexado.

O Internacional de Fernando Carvalho e Piffio, do DVD, da reclamação irresponsável ou da falsificação de documentos merece muito cair, como mereceu nosso Corinthians (aqui trato no plural mesmo) da MSI, do Dualib ou da piada homofóbica contra o rival mereceu a queda.

Mas essas coletividades choram a perca de uma insígnia. Mas pode recuperar ou terminar de aprofundar a diferença relatada pelo torcedor entre o consumidor que "sustenta" o clube e a paixão de milhões. que o clube do povo no sul, ou o time do povo em são Paulo revertem essa tendência de se tornarem soberbos colecionadores de troféus e sejam o que nasceram para ser, uma referência e alegria para seus povos.

Os times de todos. O time que o rádio passando seu jogo valha a pena de ser salvo tanto quanto a vida de seu filho. Afinal, o futebol se fez vida e não podemos deixar o mercado transformar ele apenas em números. Que o futebol volte a ser mais vida que números.

globoesporte.globo.com/blogs/especial-blog/meia-encarnada/post/inter-rebaixado-entre-telhas-e-fuzis.html

quinta-feira, 28 de julho de 2016

Ontem torci pelo Nacional e o futebol, e vencemos


Ontem, apesar da televisão e grande mídia esportiva ignorarem, tivemos a final da Libertadores da América com o Atlético Nacional de Medéllin e Indepiendente Del Valle, equipe empresa chilena.

Quem acompanhou esse campeonato se encantou pelo futebol praticado pelos colombianos. Futebol bonito que vence com autoridade de quem controla o jogo conforme seus anseios. Não é aquele futebol kamikaze que todo fã de futebol adora ver (nos times alheios, óbvio). Conseguia defender com a beleza de um jab do Holyfield e ataca com a precisão de um Tyson. Só isso seria motivo suficiente para desejar que eles levassem a segunda taça. Afinal no futebol, os bons trabalhos não são referência mas os bons resultados. Times que jogam bem sempre ficam em confronto com times que anulam o jogo por conservadorismo. Nesse caso ganhou a equipe que jogou para ganhar e ganhou por merecer ganhar. Ontem ganhou de 1 a 0 perdendo pelo menos meia dúzia de chances claríssimas.

Outro motivo que me alegrou a vitória do alviverde colombiano foi sua relação com a torcida. No estádio Nacional de Médellin não há polícia, não há alambrado, a própria torcida faz o cordão de isolamento e a estratégia de segurança num raro caso de autogestão num esporte que prima pelo conservadorismo policialesco (ainda mais quem o acompanha de São "é proibido" Paulo). A vitória do time que a torcida literalmente apoia e protege. Como disse acima, esse modelo tinha que ser consolidado com "el sueño continental". E foi.

Um outro motivo que me alegrou nesse título também foi o fato deles se livrarem do asterisco. Para quem não sabe, durante os anos 1980 e começo dos anos 1990 dois carteis de venda de cocaína disputavam o poder na Colombia, gerando diversos conflitos que ficaram famosos no mundo inteiro. Cada cartel escolheu um time local, o de Cali, o Derportivo e o de Medellin, o Nacional, e esse último foi campeão em 1989 sob esse financiamento. Dificilmente alguém que não seja torcedor do Atlético lembra desse título sem essa "nota de rodapé".

Se libertaram da má fama, trouxeram um futebol vistoso e convincente e uma torcida no estádio apaixonante e auto gerida. Medelin está em festa e o mundo do futebol agradece.

Obrigado

sábado, 4 de junho de 2016

Tão lindo, belo e forte (Uma Elegia)


Tão lindo, belo e forte (Uma Elegia)

Cassius Clay era de um boxe lindo
entrava em luta sempre de guarda aberta
deixava os rivais encaixarem os golpes,

pois sabia que sua força vinha de dentro
Nada o derrubava, nem os ganchos do racismo
que o fizeram assumir sua luta

mudando de religião e de nome
e Mohammed Ali surge nocauteando o lugar
marcado para seus irmãos de luta

Belo em sua postura,
dentro dos ringues causava medo
e fora deles elevava o furor

Da luta que é viver em uma sociedade
marcada pelo preconceito e que ele
ídolo de uma geração era o sol

que ofuscava o olhos dos rivais
e iluminava a luta dos seus irmãos
que viam que apesar de oprimidos eram fortes

Forte como Ali que lutou contra Parkisson
não outro boxeador, mas a síndrome
custo alto de sua bela guarda aberta

Lutou como poucos e ficou como único
assim como o verso de Caetano, título
de lutador em todas as áreas da vida.

Hoje o corpo que tremia se foi
E ficou a bandeira que tremula
quando surge Ali, impávida

negra pantera que inspira.
a luta que prossegue
até o nocaute seguinte...