quinta-feira, 28 de julho de 2016

Ontem torci pelo Nacional e o futebol, e vencemos


Ontem, apesar da televisão e grande mídia esportiva ignorarem, tivemos a final da Libertadores da América com o Atlético Nacional de Medéllin e Indepiendente Del Valle, equipe empresa chilena.

Quem acompanhou esse campeonato se encantou pelo futebol praticado pelos colombianos. Futebol bonito que vence com autoridade de quem controla o jogo conforme seus anseios. Não é aquele futebol kamikaze que todo fã de futebol adora ver (nos times alheios, óbvio). Conseguia defender com a beleza de um jab do Holyfield e ataca com a precisão de um Tyson. Só isso seria motivo suficiente para desejar que eles levassem a segunda taça. Afinal no futebol, os bons trabalhos não são referência mas os bons resultados. Times que jogam bem sempre ficam em confronto com times que anulam o jogo por conservadorismo. Nesse caso ganhou a equipe que jogou para ganhar e ganhou por merecer ganhar. Ontem ganhou de 1 a 0 perdendo pelo menos meia dúzia de chances claríssimas.

Outro motivo que me alegrou a vitória do alviverde colombiano foi sua relação com a torcida. No estádio Nacional de Médellin não há polícia, não há alambrado, a própria torcida faz o cordão de isolamento e a estratégia de segurança num raro caso de autogestão num esporte que prima pelo conservadorismo policialesco (ainda mais quem o acompanha de São "é proibido" Paulo). A vitória do time que a torcida literalmente apoia e protege. Como disse acima, esse modelo tinha que ser consolidado com "el sueño continental". E foi.

Um outro motivo que me alegrou nesse título também foi o fato deles se livrarem do asterisco. Para quem não sabe, durante os anos 1980 e começo dos anos 1990 dois carteis de venda de cocaína disputavam o poder na Colombia, gerando diversos conflitos que ficaram famosos no mundo inteiro. Cada cartel escolheu um time local, o de Cali, o Derportivo e o de Medellin, o Nacional, e esse último foi campeão em 1989 sob esse financiamento. Dificilmente alguém que não seja torcedor do Atlético lembra desse título sem essa "nota de rodapé".

Se libertaram da má fama, trouxeram um futebol vistoso e convincente e uma torcida no estádio apaixonante e auto gerida. Medelin está em festa e o mundo do futebol agradece.

Obrigado