quinta-feira, 3 de junho de 2010

No alto da montanha
Faleço-me, faleço-me
Sinto a dor da subida
Faleço-me, faleço-me
A dor de meus peitos
Sentindo a falta de ar
Que mata meu espírito
Meu sopro de vida
Queima minha laringe
Dolorida de tanto gritar
Pedindo ajuda, chorando
Procurando, procurando
Procurando a mim mesmo
Que não me encontro
Velho xamã que me olha
Entrega sua flor de lótus
Quero viver, quero sentir
Cantar, amar, amar, amar,
Mas não vejo luz
Só vejo a dor, a dor que sinto
Da ferida em minha alma
Lá enraizada, perdida
Encravada, aberta
Perdida e dolorida
Meu inimigo me vence
Ele sempre vence
A dor me paralisa
O medo da dor
Traz paralisia
Paralisia que traz dor
Que dói porque dói
Dor da fuga da dor
Lá no alto vejo
Violência e angústia
Resistência de quem
Não quer voltar
Lá sou só eu
Aqui não sou nada
Diria Pessoa, nunca
Serei nada, só tenho
Todos os sonhos desse
Mundo que me odeia
Porque me faz doer
As dores que não devia
Sentir, mas sinto
Perco, perco, perco
Perco para mim mesmo
Foda-se o mundo
Eu não me venço
Como vencer o
Mundo.
Meus ombros doem,
Tenho que descer.
Os olhos da águia
Meu mostram meu ser,
Alimentado de dor.
Meus sentimentos
São uma criança
Atravessando uma rodovia.
Geralmente é atropelada
Quero passar, quero
Descer, quero viver
Quero sorrir, quero
Ser feliz, quero ar
Quero-me, quero-me
Amar, somente quero
Somente quero, somente quero...

Luiz F. Ricas
Escrito em 19/05/2009 às 20h aproximadamente

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