terça-feira, 19 de novembro de 2013

Proibido Proibir


segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Como endireitar um esquerdista

Frei Betto*
 Ser de esquerda é, desde que essa classificação surgiu na Revolução Francesa, optar pelos pobres, indignar-se frente à exclusão social, inconformar-se com toda forma de injustiça ou, como dizia Bobbio, considerar aberração a desigualdade social.
 Ser de direita é tolerar injustiças, considerar os imperativos do mercado acima dos direitos humanos, encarar a pobreza como nódoa incurável, julgar que existem pessoas e povos intrinsecamente superiores a outros.
 Ser esquerdista – patologia diagnosticada por Lênin como “doença infantil do comunismo” – é ficar contra o poder burguês até fazer parte dele. O esquerdista é um fundamentalista em causa própria. Encarna todos os esquemas religiosos próprios dos fundamentalistas da fé. Enche a boca de dogmas e venera um líder. Se o líder espirra, ele aplaude; se chora, ele entristece; se muda de opinião, ele rapidinho analisa a conjuntura para tentar demonstrar que na atual correlação de forças...
 O esquerdista adora as categorias acadêmicas da esquerda, mas iguala-se ao general Figueiredo num ponto: não suporta cheiro de povo. Para ele, povo é aquele substantivo abstrato que só lhe parece concreto na hora de cabalar votos. Então o esquerdista se acerca dos pobres, não preocupado com a situação deles, e sim com um único intuito: angariar votos para si e/ou sua corriola. Passadas as eleições, adeus trouxas, e até o próximo pleito!
 Como o esquerdista não tem princípios, apenas interesses, nada mais fácil do que endireitá-lo. Dê-lhe um bom emprego. Não pode ser trabalho, isso que obriga o comum dos mortais a ganhar o pão com sangue, suor e lágrimas. Tem que ser um desses empregos que pagam bom salário e concedem mais direitos que exige deveres. Sobretudo se for no poder público. Pode ser também na iniciativa privada. O importante é que o esquerdista se sinta aquinhoado com um significativo aumento de sua renda pessoal.
 Isso acontece quando ele é eleito ou nomeado para uma função pública ou assume cargo de chefia numa empresa particular. Imediatamente abaixa a guarda. Nem faz autocrítica. Simplesmente o cheiro do dinheiro, combinado com a função de poder, produz a imbatível alquimia capaz de virar a cabeça do mais retórico dos revolucionários.
 Bom salário, função de chefia, mordomias, eis os ingredientes para inebriar o esquerdista em seu itinerário rumo à direita envergonhada – a que age como tal mas não se assume. Logo, o esquerdista muda de amizades e caprichos. Troca a cachaça pelo vinho importado, a cerveja pelo uísque escocês, o apartamento pelo condomínio fechado, as rodas de bar pelas recepções e festas suntuosas.
 Se um companheiro dos velhos tempos o procura, ele despista, desconversa, delega o caso à secretária, e à boca pequena se queixa do “chato”. Agora todos os seus passos são movidos, com precisão cirúrgica, rumo à escalada do poder. Adora conviver com gente importante, empresários, ricaços, latifundiários. Delicia-se com seus agrados e presentes. Sua maior desgraça seria voltar ao que era, desprovido de afagos e salamaleques, cidadão comum em luta pela sobrevivência.
 Adeus ideais, utopias, sonhos! Viva o pragmatismo, a política de resultados, a cooptação, as maracutaias operadas com esperteza (embora ocorram acidentes de percurso. Neste caso, o esquerdista conta com o pronto socorro de seus pares: o silêncio obsequioso, o faz de conta de que nada houve, hoje foi você, amanhã pode ser eu...).
 Lembrei-me dessa caracterização porque, dias atrás, encontrei num evento um antigo companheiro de movimentos populares, cúmplice na luta contra a ditadura. Perguntou se eu ainda mexia com essa “gente da periferia”. E pontificou: “Que burrice a sua largar o governo. Lá você poderia fazer muito mais por esse povo.”
 Tive vontade de rir diante daquele companheiro que, outrora, faria um Che Guevara sentir-se um pequeno-burguês, tamanho o seu aguerrido fervor revolucionário. Contive-me, para não ser indelicado com aquela figura ridícula, cabelos engomados, trajes finos, sapatos de calçar anjos. Apenas respondi: “Tornei-me reacionário, fiel aos meus antigos princípios. E prefiro correr o risco de errar com os pobres do que ter a pretensão de acertar sem eles.”

Frei Betto é escritor, autor de “Calendário do Poder” (Rocco), entre outros livros. 

Fonte: http://amaivos.uol.com.br/amaivos09/noticia/noticia.asp?cod_noticia=9381&cod_canal=53

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

REICH: ELE TEORIZOU O "DORMIU DE CALÇA JEANS!" RESUMINDO: SE AS PESSOAS GOZASSEM MAISELAS NÃO SERIAM TÃO AUTORITÁRIAS!!!

http://www.vice.com/pt_br/read/o-assassinato-cientifico-de-um-revolucionario-sexual-como-os-eua-interromperam-a-utopia-orgasmica-de-wilhelm-reich

O CARA FOI PERSEGUIDO PELOS NAZISTAS, PELOS COMUNISTAS, PELA COMUNIDADE CIENTÍFICA E PELO EUAN. SÓ POR ISSO JÁ MERECE MEU RESPEITO!!!

"Reich teorizou que era a inabilidade física de se render ao orgasmo o que gerava a neurose e, por fim, levava as pessoas ao fascismo e ao autoritarismo." OU SEJA, ELE TEORIZOU O "DORMIU DE CALÇA JEANS! RESUMINDO: SE AS PESSOAS GOZASSEM MAISELAS NÃO SERIAM TÃO AUTORITÁRIAS!!!

(...)

"Reich se tornou mais comprometido do que nunca com a causa de quebrar a blindagem emocional da humanidade. Em seguida, ele começaria a projetar o que se tornaria sua maior controvérsia: uma tentativa de aproveitar e concentrar orgônio com gaiolas de Faraday adaptadas, que ele chamou de acumuladores de orgônio. Isolados com materiais orgânicos como madeira e papel, o que Reich acreditava que forçava a energia do orgônio a oscilar dentro da caixa, o acumulador, segundo ele, podia curar distúrbios mentais e físicos – potencialmente até o câncer." TRADUZINDO: ELE CONSTRUIU UM CAPACITOR DE ORGASMOS!!!!

(...)

" Em sua busca por desenterrar as raízes das neuroses sexuais da humanidade, Reich desafiou quase todo o tabu da civilização ocidental, enfureceu quase toda força estabelecida da época e morreu na prisão por seus esforços. No entanto, sua influência pode ser ainda maior do que geralmente é creditado a ele."

(...)

"Estudantes que participavam dos protestos em Paris e Berlim em 1968 jogavam cópias do Psicologia de Massas do Fascismo de Reich nos capacetes dos policiais. Jack Kerouac e Allen Ginsberg abraçaram as teorias de Reich; William S. Burroughs investigou os acumuladores de orgônio por anos e escreveu extensivamente sobre eles em seu trabalho. Ele chegou mesmo a construir sua própria caixa acumuladora, onde ele entrava para escrever (enquanto fumava haxixe)."

(...)

Enquanto Reich definhava na prisão, a revolução sexual que ele tinha ajudado a iniciar estava começando a se manifestar. Elvis fez sua estreia na TV em 1956, mexendo seus quadris de uma maneira que, decididamente, irradiava orgônio, demonstrando o tipo de libertação de blindagem de caráter que Reich provavelmente queria de seus pacientes. No meio dos anos 1960, com o lançamento da pílula anticoncepcional, a revolução sexual estava em pleno andamento. (Aliás, “revolução sexual” é um termo cunhado por Reich.)"

(...)

"Mas mesmo que a humanidade do século XXI possa parecer mais sexualmente liberada, Reich provavelmente teria visto o superestímulo da mídia como somente outra forma de “fugir” do contato amoroso com outro ser humano."

DISCORDO DE ALGUMAS VISÕES DELE COMO NO TANGE A HOMOSSEXUALIDADE E A PORNOGRAFIA, MAS É INDISCUTÍVEL A VISÃO DELE DE QUE "SE AS PESSOAS GOZASSEM MAIS MATARIAM MENOS", ISSO EU CONCORDO PLENAMENTE COM ELE. E É INTERESSANTE QUE TODAS AS ORGANIZAÇÕES (FASCISTAS, NAZISTAS, COMUNISTAS, CIENTISTAS, "LIBERAIS" ECONÔMICOS) QUE PRETENDIAM CONTROLAR O SER HUMANO AO MÁXIMO O PERSEGUIRAM ATÉ A MORTE E SE NÃO FOSSE A CONTRACULTURA E OS MOVIMENTOS ANARQUISTAS NOS ANOS 1960 ELE TERIA SIDO RELEGADO AO COMPLETO ESQUECIMENTO. IMPORTANTE QUE ELE DEFENDE QUE A HIPERSSEXUALIZAÇÃO TEM O MESMO EFEITO DA REPRESSÃO, JÁ QUE NÃO HÁ UMA TROCA DE ENERGIAS PROFUNDAS COMO O AMOR. ELE NÃO DEFENDE O SEXO COMO ESPORTE, ELE DEFENDE O SEXO COMO VIDA. E NISSO, FECHAMOS JUNTOS!!!

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

O que é Black Bloc?

Black Bloc é um método/tática de ação criado na Alemanha nos anos 1980 contra as repressões policiais aos movimentos anti energia nuclear. Ele consiste no anonimato e na radicalização das ações, geralmente quebrando símbolos alvos. É ligado ao anarquistas, apesar de algumas vezes ter sido usado também pela extrema-direita. Usando de meios de comunicação criptografados, marca presença em um protesto que apoiam, todos vão inteiramente de preto (incluindo o lenço que te "anonimará") e atacam algum alvo específico do sistema, geralmente bancos e lojas de grife, em casos mais extremos a própria polícia como eles são os mais "duros" das manifestações que participam são muito importantes para o confronto com as forças do estado (geralmente quem forma a linha de frente são eles e outros movimentos sociais como os oriundos de torcidas organizadas, acostumados a repressão da polícia de choque aqui no Brasil acaba assumindo um ar de movimento anarquista, já que esse grupo também convoca protestos próprios e mantém uma linha mais anarquista/esquerda, logo com ideal próprio. Eles estavam presentes no Egito, na Praça Tahir, ou no Ocuppy Wall Street entre muitos outros movimentos horizontais de nossa época. Ganharam grande destaque e internacionalizção nos últimos cinco anos, como eu disse se confundindo o método/tática como um movimento em si.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

I Have A Dream - legendado e transcrito



"Eu estou contente em unir-me com vocês no dia que entrará para a história como a maior demonstração pela liberdade na história de nossa nação.

Cem anos atrás, um grande americano, na qual estamos sob sua simbólica sombra, assinou a Proclamação de Emancipação. Esse importante decreto veio como um grande farol de esperança para milhões de escravos negros que tinham murchados nas chamas da injustiça. Ele veio como uma alvorada para terminar a longa noite de seus cativeiros.
Mas cem anos depois, o Negro ainda não é livre.
Cem anos depois, a vida do Negro ainda é tristemente inválida pelas algemas da segregação e as cadeias de discriminação.
Cem anos depois, o Negro vive em uma ilha só de pobreza no meio de um vasto oceano de prosperidade material. Cem anos depois, o Negro ainda adoece nos cantos da sociedade americana e se encontram exilados em sua própria terra. Assim, nós viemos aqui hoje para dramatizar sua vergonhosa condição.

De certo modo, nós viemos à capital de nossa nação para trocar um cheque. Quando os arquitetos de nossa república escreveram as magníficas palavras da Constituição e a Declaração da Independência, eles estavam assinando uma nota promissória para a qual todo americano seria seu herdeiro. Esta nota era uma promessa que todos os homens, sim, os homens negros, como também os homens brancos, teriam garantidos os direitos inalienáveis de vida, liberdade e a busca da felicidade. Hoje é óbvio que aquela América não apresentou esta nota promissória. Em vez de honrar esta obrigação sagrada, a América deu para o povo negro um cheque sem fundo, um cheque que voltou marcado com "fundos insuficientes".

Mas nós nos recusamos a acreditar que o banco da justiça é falível. Nós nos recusamos a acreditar que há capitais insuficientes de oportunidade nesta nação. Assim nós viemos trocar este cheque, um cheque que nos dará o direito de reclamar as riquezas de liberdade e a segurança da justiça.

Nós também viemos para recordar à América dessa cruel urgência. Este não é o momento para descansar no luxo refrescante ou tomar o remédio tranqüilizante do gradualismo.
Agora é o tempo para transformar em realidade as promessas de democracia.
Agora é o tempo para subir do vale das trevas da segregação ao caminho iluminado pelo sol da justiça racial.
Agora é o tempo para erguer nossa nação das areias movediças da injustiça racial para a pedra sólida da fraternidade. Agora é o tempo para fazer da justiça uma realidade para todos os filhos de Deus.

Seria fatal para a nação negligenciar a urgência desse momento. Este verão sufocante do legítimo descontentamento dos Negros não passará até termos um renovador outono de liberdade e igualdade. Este ano de 1963 não é um fim, mas um começo. Esses que esperam que o Negro agora estará contente, terão um violento despertar se a nação votar aos negócios de sempre

. Mas há algo que eu tenho que dizer ao meu povo que se dirige ao portal que conduz ao palácio da justiça. No processo de conquistar nosso legítimo direito, nós não devemos ser culpados de ações de injustiças. Não vamos satisfazer nossa sede de liberdade bebendo da xícara da amargura e do ódio. Nós sempre temos que conduzir nossa luta num alto nível de dignidade e disciplina. Nós não devemos permitir que nosso criativo protesto se degenere em violência física. Novamente e novamente nós temos que subir às majestosas alturas da reunião da força física com a força de alma. Nossa nova e maravilhosa combatividade mostrou à comunidade negra que não devemos ter uma desconfiança para com todas as pessoas brancas, para muitos de nossos irmãos brancos, como comprovamos pela presença deles aqui hoje, vieram entender que o destino deles é amarrado ao nosso destino. Eles vieram perceber que a liberdade deles é ligada indissoluvelmente a nossa liberdade. Nós não podemos caminhar só.

E como nós caminhamos, nós temos que fazer a promessa que nós sempre marcharemos à frente. Nós não podemos retroceder. Há esses que estão perguntando para os devotos dos direitos civis, "Quando vocês estarão satisfeitos?"

Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto o Negro for vítima dos horrores indizíveis da brutalidade policial. Nós nunca estaremos satisfeitos enquanto nossos corpos, pesados com a fadiga da viagem, não poderem ter hospedagem nos motéis das estradas e os hotéis das cidades. Nós não estaremos satisfeitos enquanto um Negro não puder votar no Mississipi e um Negro em Nova Iorque acreditar que ele não tem motivo para votar. Não, não, nós não estamos satisfeitos e nós não estaremos satisfeitos até que a justiça e a retidão rolem abaixo como águas de uma poderosa correnteza.

Eu não esqueci que alguns de você vieram até aqui após grandes testes e sofrimentos. Alguns de você vieram recentemente de celas estreitas das prisões. Alguns de vocês vieram de áreas onde sua busca pela liberdade lhe deixaram marcas pelas tempestades das perseguições e pelos ventos de brutalidade policial. Você são o veteranos do sofrimento. Continuem trabalhando com a fé que sofrimento imerecido é redentor. Voltem para o Mississippi, voltem para o Alabama, voltem para a Carolina do Sul, voltem para a Geórgia, voltem para Louisiana, voltem para as ruas sujas e guetos de nossas cidades do norte, sabendo que de alguma maneira esta situação pode e será mudada. Não se deixe caiar no vale de desespero.

Eu digo a você hoje, meus amigos, que embora nós enfrentemos as dificuldades de hoje e amanhã. Eu ainda tenho um sonho. É um sonho profundamente enraizado no sonho americano.

Eu tenho um sonho que um dia esta nação se levantará e viverá o verdadeiro significado de sua crença - nós celebraremos estas verdades e elas serão claras para todos, que os homens são criados iguais.

Eu tenho um sonho que um dia nas colinas vermelhas da Geórgia os filhos dos descendentes de escravos e os filhos dos desdentes dos donos de escravos poderão se sentar junto à mesa da fraternidade.

Eu tenho um sonho que um dia, até mesmo no estado de Mississippi, um estado que transpira com o calor da injustiça, que transpira com o calor de opressão, será transformado em um oásis de liberdade e justiça.

Eu tenho um sonho que minhas quatro pequenas crianças vão um dia viver em uma nação onde elas não serão julgadas pela cor da pele, mas pelo conteúdo de seu caráter. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia, no Alabama, com seus racistas malignos, com seu governador que tem os lábios gotejando palavras de intervenção e negação; nesse justo dia no Alabama meninos negros e meninas negras poderão unir as mãos com meninos brancos e meninas brancas como irmãs e irmãos. Eu tenho um sonho hoje!

Eu tenho um sonho que um dia todo vale será exaltado, e todas as colinas e montanhas virão abaixo, os lugares ásperos serão aplainados e os lugares tortuosos serão endireitados e a glória do Senhor será revelada e toda a carne estará junta.

Esta é nossa esperança. Esta é a fé com que regressarei para o Sul. Com esta fé nós poderemos cortar da montanha do desespero uma pedra de esperança. Com esta fé nós poderemos transformar as discórdias estridentes de nossa nação em uma bela sinfonia de fraternidade. Com esta fé nós poderemos trabalhar juntos, rezar juntos, lutar juntos, para ir encarcerar juntos, defender liberdade juntos, e quem sabe nós seremos um dia livre. Este será o dia, este será o dia quando todas as crianças de Deus poderão cantar com um novo significado.

"Meu país, doce terra de liberdade, eu te canto.

Terra onde meus pais morreram, terra do orgulho dos peregrinos,

De qualquer lado da montanha, ouço o sino da liberdade!"

E se a América é uma grande nação, isto tem que se tornar verdadeiro.

E assim ouvirei o sino da liberdade no extraordinário topo da montanha de New Hampshire.

Ouvirei o sino da liberdade nas poderosas montanhas poderosas de Nova York.

Ouvirei o sino da liberdade nos engrandecidos Alleghenies da Pennsylvania.

Ouvirei o sino da liberdade nas montanhas cobertas de neve Rockies do Colorado.

Ouvirei o sino da liberdade nas ladeiras curvas da Califórnia.

Mas não é só isso. Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Pedra da Geórgia.

Ouvirei o sino da liberdade na Montanha de Vigilância do Tennessee.

Ouvirei o sino da liberdade em todas as colinas do Mississipi.

Em todas as montanhas, ouviu o sino da liberdade.

E quando isto acontecer, quando nós permitimos o sino da liberdade soar, quando nós deixarmos ele soar em toda moradia e todo vilarejo, em todo estado e em toda cidade, nós poderemos acelerar aquele dia quando todas as crianças de Deus, homens pretos e homens brancos, judeus e gentios, protestantes e católicos, poderão unir mãos e cantar nas palavras do velho spiritual negro:

"Livre afinal, livre afinal.

Agradeço ao Deus todo-poderoso, nós somos livres afinal."


Fonte: http://www.dhnet.org.br/desejos/sonhos/dream.htm

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Gilmar dos Santos Neves - Exemplo de perseverança

Gilmar é considerado o mais importante goleiro da história do Corinthians, do Santos e da Seleção Brasileira. Para muitos, o melhor goleiro brasileiro de todos os tempos. Sua história no futebol é um exemplo para todos nós que sonhamos e corremos atrás de nossos sonhos. Começou a carreira no Jabaquara nos anos 1940. Sem espaço, foi dado ao Corinthians a título de contra peso, moeda de troca de uma transação com o Jabaquara para a compra do meia Ciciá (nos moldes "se quiser levar o Ciciá, terá que levar esse goleiro aqui também") em 1951. Chegou disputando posições com Cabeção e Bino e após uma derrota de 7x3 para a Portuguesa (então melhor ataque paulista, sendo dela a base do ataque da seleção paulista à época) amargou cinco meses de banco e a fama de frangueiro e para piorar, ainda vê o time ser campeão paulista com Cabeção soberano no gol. Só em abril de 1952, num amistoso contra o Rádium de Mococa ele voltou a jogar e nunca mais voltou para o banco de reservas. Após anos de desconfiança começava a surgir o (para muitos) maior goleiro do Brasil.

Depois disso foi bi-paulista e do Rio-São Paulo com o Corinthians e ganhou o que seria durante décadas o mais importante título corinthiano, o campeão do IV Centenário de São Paulo (à época, os campeonatos que caiam em anos festivos eram mais destacados). Durante uma década, a torcida corinthiana entendia uma faixa escrita "Gilmar, o supremo guardião do IV Centenário". Em 1961, o Corinthians em crise desmancha seu time e ele vai para o Santos FC no auge do "Esquadrão da Vila Belmiro" de Pelé (na Europa era conhecido como o "goleiro de Pelé"), sendo a peça que faltava para tornar aquele time semi imbátivel. Lá foi quatro vezes campeão da Taça Brasil, uma do Robertão (equivalentes ao nosso Campeonato Brasileiro atual), bi campeão da Libertadores e da Taça Intercontinental (aqui valorizada/chamada como Mundial de clubes) e cinco Campeonatos Paulistas. Titular absoluto da seleção em três Copa do Mundo, ganhou duas (58 e 62) onde ganhou a alcunha de "Muralha da Vila".

Sempre lembro da história do Gilmar para buscar fé em buscar os meus sonhos, pois a moeda de troca do Jabaquara, o terceiro goleiro frangueiro do Corinthians após anos de luta e crença em si mesmo se torna o goleiro mais importante da história do Corinthians (eu dividiria esse título com Ronaldo Giovanelli, mas aí é outra discussão), mais importante da história do Santos, atuando no considerado por muitos maior time de todos os tempos, goleiro absoluto da seleção brasileira bi campeã do Mundo. Sempre que alguém te desacreditar, te diminuir, lembre o maior goleiro da história do Brasil foi tratado como contra peso no começo da carreira, foi culpado por uma goleada histórica por uma das mais fanáticas torcidas do mundo e seguiu, lutou, acreditou em si mesmo e construiu a história relatada acima. Ontem, ele faleceu aos 83 anos. Fica a história, a obra de um dos maiores mitos que o esporte já produziu. Parabéns, Gilmar, você está eternamente em nossos corações e será eternamente minha inspiração.

Do goleiro e corinthiano
Luiz

Fonte: UNZELTE, Celso Dario. Almanaque do Corinthians e http://en.wikipedia.org/wiki/Gylmar_dos_Santos_Neves (acesso em 26 de agosto de 2013)

A Onda [2009][Legendado PTBR]

Como o fascismo está tão próximo da gente. Seria possível um nazi-fascismo na nossa época? Esse filme, baseado em uma experiência educacional estadunidense (ele é uma remontagem de um telefilme dos anos 1980) mostra que ele está muito próximo e fácil de acontecer, pois as pessoas buscam esse líder (fürher?) e buscam pertencer a algo único, unitário, que os torna facilmente manipuláveis, desde que ele fale o que você quer ouvir. Em épocas de nacionalismo exacerbado despolitizado "nas ruas", esse filme se torna recomendável como reflexão.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

Porque o sapo não lava o pé, segundo vários intelectuais

Quando eu li o título deste texto em minha caixa de emails, achei que fosse mais um spam e quase o apaguei. Mas, por algum motivo, fui ler um trecho e percebi que era algo muito engraçado e criativo. Uma espécie de piada cult (e para poucos, é verdade! ). Alguns  trechos poderiam ser usados em sala de aula, como atividade. Mas vale mesmo como descontração…
POR QUE O SAPO NÃO LAVA O PÉ?
Explicações de vário estudiosos…
Olavo de Carvalho: O sapo não lava o pé. Não lava porque não quer. Ele mora lá na lagoa, não lava o pé porque não quer e ainda culpa o sistema, quando a culpa é da PREGUIÇA. Este tipo de atitude é que infesta o Brasil e o Mundo, um tipo de atitude oriundo de uma complexa conspiração moscovita contra a livre-iniciativa e os valores humanos da educação e da higiene!
Karl Marx: A lavagem do pé, enquanto atividade vital do anfíbio, encontra-se profundamente alterada no panorama capitalista. O sapo, obviamente um proletário, tendo que vender sua força de trabalho para um sistema de produção baseado na detenção da propriedade privada pelas classes dominantes, gasta em atividade produtiva alienada o tempo que deveria ter para si próprio. Em conseqüência, a miséria domina os campos, e o sapo não tem acesso à própria lagoa, que em tempos imemoriais fazia parte do sistema comum de produção.
Friedrich Engels: isso mesmo.
Michael Foucault: Em primeiro lugar, creio que deveríamos começar a análise do poder a partir de suas extremidades menos visíveis, a partir dos discursos médicos de saúde, por exemplo. Por que deveria o sapo lavar o pé? Se analisarmos os hábitos higiênicos e sanitários da Europa no século XII, veremos que os sapos possuíam uma menor preocupação em relação à higiene do pé – bem como de outras áreas do corpo. Somente com a preocupação burguesa em relação às disciplinas – domesticação do corpo do indivíduo, sem a qual o sistema capitalista jamais seria possível – é que surge a preocupação com a lavagem do pé. Portanto, temos o discurso da lavagem do pé como sinal sintomático da sociedade disciplinar.
Max Weber: A conduta do sapo só poderá ser compreendida em termos de ação social racional orientada por valores. A crescente racionalização e o desencantamento do mundo provocaram, no pensamento ocidental, uma preocupação excessiva na orientação racional com relação a fins. Eis que, portanto, parece absurdo à maior parte das pessoas o sapo não lavar o pé. Entretanto, é fundamental que seja compreendido que, se o sapo não lava o pé, é porque tal atitude encontra-se perfeitamente coerente com seu sistema valorativo – a vida na lagoa.
Friedrich Nietzsche: Um espírito astucioso e camuflado, um gosto anfíbio pela dissimulação – herança de povos mediterrâneos, certamente – uma incisividade de espírito ainda não encontrada nas mais ermas redondezas de quaisquer lagoas do mundo dito civilizado. Um animal que, livrando-se de qualquer metafísica, e que, aprimorando seu instinto de realidade, com a dolcezza audaciosa já perdida pelo europeu moderno, nega o ato supremo, o ato cuja negação configura a mais nítida – e difícil – fronteira entre o Sapo e aquele que está por vir, o Além- do-Sapo: a lavagem do pé.
John Locke: Em primeiro lugar, faz-se mister refutar a tese de Filmer sobre a lavagem bíblica dos pés. Se fosse assim, eu próprio seria obrigado a lavar meus pés na lagoa, o que, sustento, não é o caso. Cada súdito contrata com o Soberano para proteger sua propriedade, e entendo contido nesse ideal o conceito de liberdade. Se o sapo não quer lavar o pé, o Soberano não pode obrigá-lo, tampouco recriminá-lo pelo chulé. E ainda afirmo: caso o Soberano queira, incorrendo em erro, obrigá-lo, o sapo possuirá legítimo direito de resistência contra esta reconhecida injustiça e opressão.
Immanuel Kant: O sapo age moralmente, pois, ao deixar de lavar seu pé, nada faz além de agir segundo sua lei moral universal apriorística, que prescreve atitudes consoantes com o que o sujeito cognoscente possa querer que se torne uma ação universal.
Nota de Freud: Kant jamais lavou seus pés.
Sigmund Freud: Um superego exacerbado pode ser a causa da falta de higiene do sapo. Quando analisava o caso de Dora, há vinte anos, pude perceber alguns dos traços deste problema. De fato, em meus numerosos estudos posteriores, pude constatar que a aversão pela limpeza, do mesmo modo que a obsessão por ela, podem constituir-se num desejo de autopunição. A causa disso encontra-se, sem dúvida, na construção do superego a partir das figuras perdidas dos pais, que antes representavam a fonte de todo conteúdo moral do girino.
Carl Jung: O mito do sapo do deserto, presente no imaginário semita, vem a calhar para a compreensão do fenômeno. O inconsciente coletivo do sapo, em outras épocas desenvolvido, guardou em sua composição mais íntima a idéia da seca, da privação, da necessidade. Por isso, mesmo quando colocado frente a uma lagoa, em época de abundância, o sapo não lava o pé.
Soren Kierkegaard: O sapo lavando o pé ou não, o que importa é a existência.
George Hegel: podemos observar na lavagem do pé a manifestação da Dialética. Observando a História, constatamos uma evolução gradativa da ignorância absoluta do sapo – em relação à higiene – para uma preocupação maior em relação a esta. Ao longo da evolução do Espírito da História, vemos os sapos se aproximando cada vez mais das lagoas, cada vez mais comprando esponjas e sabões. O que falta agora é, tão somente, lavar o pé, coisa que, quando concluída, representará o fim da História e o ápice do progresso.
Auguste Comte: O sapo deve lavar o pé, posto que a higiene é imprescindível. A lavagem do pé deve ser submetida a procedimentos científicos universal e atemporalmente válidos. Só assim poder-se-á obter um conhecimento verdadeiro a respeito.
Arthur Schopenhauer: O sapo cujo pé vejo lavar é nada mais que uma representação, um fenômeno, oriundo da ilusão fundamental que é o meu princípio de razão, parte componente do principio individuationis, a que a sabedoria vedanta chamou “véu de Maya”. A Vontade, que o velho e grande filósofo de Königsberg chamou de Coisa-em si, e que Platão localizava no mundo das idéias, essa força cega que está por trás de qualquer fenômeno, jamais poderá ser capturada por nós, seres individuados, através do princípio da razão, conforme já demonstrado por mim em uma série de trabalhos, entre os quais o que considero o maior livro de filosofia já escrito no passado, no presente e no futuro: “O mundo como vontade e representação”.
Aristóteles. O [sapo] lava de acordo com sua natureza! Se imitasse, estaria fazendo arte . Como [a arte] é digna somente do homem, é forçoso reconhecer que o sapo lava segundo sua natureza de sapo, passando da potência ao ato. O sapo que não lava o pé é o ser que não consegue realizar [essa] transição da potência ao ato.
Platão:
Górgias: Por Zeus, Sócrates, os sapos não lavam os seus pés porque não gostam da água!
Sócrates: Pensemos um pouco, ó Górgias. Tu assumiste, quando há pouco dialogava com Filebo, que o sapo é um ser vivo, correto?
Górgias: Sou forçado a admitir que sim.
Sócrates: Pois bem, e se o sapo é um ser vivo, deve forçosamente fazer parte de uma categoria determinada de seres vivos, posto que estes dividem-se em categorias segundo seu modo de vida e sua forma corporal; os cavalos são diferentes das hidras e estas dos falcões, e assim por diante, correto?
Górgias: Sim, tu estás novamente correto.
Sócrates: A característica dos sapos é a de ser habitante da água e da terra, pois é isso que os antigos queriam dizer quando afirmaram que este animal era anfíbio, como, aliás, Homero e Hesíodo já nos atestam. Tu pensas que seria possível um sapo viver somente no deserto, tendo ele necessidade de duas vidas por natureza,ó Górgias?
Górgias: Jamais ouvi qualquer notícia a respeito.
Sócrates: Pois isto se dá porque os sapos vivem nas lagoas, nos lagos e nas poças, vistos que são animais, pertencem e uma categoria, e esta categoria é dada segundo a característica dos sapos serem anfíbios.
Górgias: É verdade.
Sócrates: precisando da lagoa, ó Górgias meu caro, tu achas que seria o sapo insano o suficiente para não gostar de água?
Górgias: não, não, não, mil vezes não, Ó Sócrates!
Sócrates: Então somos forçados a concluir que o sapo não lava o pé por outro motivo, que não a repulsa à água
Górgias: de acordo
Diógenes, o Cínico: Dane-se o sapo, eu só quero tomar meu sol.
Parmênides de Eléia: Como poderia o sapo lavar os pés, ó deuses, se o movimento não existe?
Heráclito de Éfeso: Quando o sapo lava o pé, nem ele nem o pé são mais os mesmos, pois ambos se modificam na lavagem, devido à impermanência das coisas.
Epicuro: O sapo deve alcançar o prazer, que é o Bem supremo, mas sem excessos. Que lave ou não o pé, decida-se de acordo com a circunstância. O vital é que mantenha a serenidade de espírito e fuja da dor.
Estóicos: O sapo deve lavar seu pé de acordo com as estações do ano. No inverno, mantenha-o sujo, que é de acordo com a natureza. No verão, lave-o delicadamente à beira das fontes, mas sem exageros. E que pare de comer tantas moscas, a comida só serve para o sustento do corpo.
Descartes: nada distingo na lavagem do pé senão figura, movimento e extensão. O sapo é nada mais que um autômato, um mecanismo. Deve lavar seus pés para promover a autoconservação, como um relógio precisa de corda.
Nicolau Maquiavel: A lavagem do pé deve ser exigida sem rigor excessivo, o que poderia causar ódio ao Príncipe, mas com força tal que traga a este o respeito e o temor dos súditos. Luís da França, ao imperar na Itália, atraído pela ambição dos venezianos, mal agiu ao exigir que os sapos da Lombardia tivessem os pés cortados e os lagos tomados caso não aquiescessem à sua vontade. Como se vê, pagou integralmente o preço de tal crueldade, pois os sapos esquecem mais facilmente um pai assassinado que um pé cortado e uma lagoa confiscada.
Jacques Rousseau: Os sapos nascem livres, mas em toda parte coaxam agrilhoados; são presos, é certo, pela própria ganância dos seus semelhantes, que impedem uns aos outros de lavarem os pés à beira da lagoa. Somente com a alienação de cada qual de seu ramo ou touceira de capim, e mesmo de sua própria pessoa, poder-se-á firmar um contrato justo, no qual a liberdade do estado de natureza é substituída pela liberdade civil.
Max Horkheimer e Theoror Adorno: A cultura popular diferencia-se da cultura de massas, filha bastarda da indústria cultural. Para a primeira, a lavagem do pé é algo ritual e sazonal, inerente ao grupamento societário; para a segunda, a ação impetuosa da razão instrumental, em sua irracionalidade galopante, transforma em mercadoria e modismo a lavagem do pé, exterminando antigas tradições e obrigando os sapos a um procedimento diário de higienização.
Antonio Gramsci: O sapo, e além dele, todos os sapos, só poderão lavar seus pés a partir do momento em que, devido à ação dos intelectuais orgânicos, uma consciência coletiva principiar a se desenvolver gradativamente na classe batráquia. Consciência de sua importância e função social no modo de produção da vida. Com a guerra de posições – representada pela progressiva formação, através do aparato ideológico da sociedade civil, de consensos favoráveis – serão criadas possibilidades para uma nova hegemonia, dessa vez sob a direção das classes anteriormente subordinadas.
Norberto Bobbio: existem três tipos de teoria sobre o sapo não lavar o pé. O primeiro tipo aceita a não-lavagem do pé como natural, nada existindo a reprovar nesse ato. O segundo tipo acredita que ela seja moral ou axiologicamente errada. A terceira espécie limita-se a descrever o fenômeno, procurando uma certa neutralidade.
Liberal de Orkut (esse indivíduo cada vez mais anônimo): o sapo não lava o pé por ser um indivíduo liberto da opressão estatal. Mas qualquer coisa é só arrumar um emprego público e utilizar o lavado do Leviatã!
SOBRE SEU AUTOR:
Depois de quase seis meses que este texto foi publicado neste blog e com mais de 40 mil acessos, uma leitora nos revelou, finalmente, quem é o autor deste texto. Como disse na apresentação, eu o recebi por email e na época estava assinado como “autor desconhecido”. Agora sei que esse texto é de Carlos Frederico Pereira da Silva Gama e foi publicado pela primeira vez no site Usina de Letras. Agradeço a contribuição da leitora Luciana.

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Dedico essa canção ao povo que está na luta em BH e Rio. Todo poder ao povo. Essa merda é nossa!

Dedico essa canção ao povo que está na luta em BH e Rio. Todo poder ao povo. Essa merda é nossa!

(Recuse/Resista)

Caos no Ad (Anno Domini)
Tanques nas ruas
Polícia confrontando
Sangrando os plebeus
Multidão furiosa
Queimando carros
Derramamento de sangue se inicia
Quem irá sobreviver?!

Caos no Ad (Anno Domini)
Exército em cerco
Alarme total
Estou cansado disto
Dentro do estado
A guerra é criada
Terra sem dono
Que merda é essa?!

Recuse, resista!

Caos no Ad (Anno Domini)
Desordem desencadeada
Começando a queimar
Começando a linchar
Silêncio significa morte
Permaneça de pé
O medo interno
Seu pior inimigo

Recuse, resista!

terça-feira, 18 de junho de 2013

REFLEXÃO SOBRE A "REVOLTA DO VINAGRE"

Ontem participei do maior ato político em vida. Era muito novo à época das Diretas e do Fora Collor para participar na "rua". Não me recordo nos últimos vinte anos mais de 200 mil pessoas nas ruas em 30 cidades diferentes, sem organizações sindicais ou partidárias bancando ônibus, lanche, camiseta e bandeira. Como ser politizado que sou, deveria estar contente. Exultante. Mas não estou. Confesso que estou triste e com medo, apesar da liderança do movimento em São Paulo serem impecáveis em não "despolitizar" os atos e seguram seu objetivo "nas unhas", o que merece todos os elogios do universo, pois só quem já organizou alguma atividade "séria" sabe o quanto isso é difícil. Atos horizontais, sem entidades bancando, organizando ou defenindo pautas. Apenas a reinvicação de um projeto de transporte público, eficiente e gratuito garantindo às pessoas a livre locomoção pela cidade. E de imediato a revogação imediata do aumento das passagens. Simples assim. Há oito anos!

Aí mora minha "tristeza". Até quinta, 13 de junho o que me orgulhava era que eram dez mil jovens que sabiam exatamente o que estavam fazendo. Tanto era que a polícia teve de usar de violência extrema para conseguir dispersar a multidão, pois ninguém corria, ninguém recuava: "a rua era nossa". Até então éramos vândalos, baderneiros, "sem causa justa", "utópicos". Nas últimas 48 horas o adversário mudou a tática. Ao invés de bater, passou a "massagear o ego". Direitistas arrogantes e anti populares históricos como Reinaldo Azevedo, Jabor, Pondé, Folha, Estadão, etc passaram "a apoiar" o "exercicio da democracia". Em todos esses anos "nessa indústria vital", aprendi que quando seu inimigo passa a te elogiar, algo está errado. Afinal meu objetivo bate de frente com ele, não converge. Ao perceber as postagens pela segunda-feira, percebi uma despolitização, para não dizer uma "direitização" do discurso das pessoas. Não era a toa. Na porrada não venceram, agora a estratégia é "minar por dentro". A maioria das pessoas que "acordaram" ontem estão sendo usadas para nos fazer "dormir". Uma completa despolitização e ainda pior, uma partidarização do discurso fingida de anti-partidarismo. Explico: a maioria já quer que o ato não seja "pela revogação do aumento" mas contra a "corrupção", a favor da "educação, da saúde, etc". Ou seja, alienar o movimento. Alguma vez na sua vida você viu algum político dizer "eu roubava até ontem, mas vi a população pedir o fim da corrupção e me "converti" a honestidade"? Você já viu algum índice de violência cair quando a classe media alta perde um ente querido e convoca um "ato pela paz" com camisetas brancas"? Não e nem verá, pois esses atos apenas massageam o ego de quem vai, dá a sensação de dever cumprido e no dia seguinte: tudo igual. Aí mora o perigo.

Além de defenderem esses discursos vazios, havia discursos contra o PT, contra o Haddad, contra a Dilma e muito poucos (exceto na primeira bateria, onde estavam os militantes que estão desde o começo) contra o Alckmin que também aumentou em igual valor a passagem ainda com o agravante de ter batido. Ou seja a "classe media sofre" abraçou a causa para destruí-la, inconscientemente (ou não) manipulada pelos seus oráculos jornalísticos. Agora, aquele que até quinta me chamava de vândalo e falava que meu único objetivo era "atrapalhar o trânsito" agora comprou uma bandeira do Brasil e uma camiseta branca e ainda vem gritar "sem partido"!? Não pertenço a nenhuma agremiação politica o que me faz dizer o que vou dizer com tranquilidade pois não advogo em causa própria (pelo menos não em causa de algum partido). O cara pede democracia e quer impedir a presença de partidos no ato? O cara se declara anarquista e vem querer "governar a ideologia alheia"? Esses partidos de esquerda estão desde o começo do movimento (há oito anos!) tomando porrada junto, bomba, gás, bala e agora que a classe media descobriu o movimento e percebeu um lugar para sua choradeira "anti-petista" (quem der eles tivessem um projeto "tão" à esquerda assim para essa histeria!) querem que PSTU, PSOL, PCO, PT (sim, é estranho, mas existe uma ala deles que apóia o movimento, mesmo sendo um partido de situação (!?)) e etc não levem suas bandeiras? Aquele mesmo cara que nos chamava de vândalos até três dias atrás. Agora querem dividir o movimento. Ou seja, eles roeram o osso, agora podem nos entregar o filé-mignon para a classe media fazer sua propaganda anti partidos de esquerda. Será que aqueles que gritaram "sem partido" votaram e votarão nulo? Creio que não. Votarão em alguém com propotas populares como a gratuidade no transporte? Creio que não. Ou seja, nunca ajudou e quando veio, foi para atrapalhar. Para aqueles que não sabem, em Porto Alegre, uma das cidades que conseguiram revogar o aumento com o movimento, quem protocolou a ação na Justiça foi o Psol, agindo conjuntamente na rua (presssionando) e na burocracia (seja judiciária ou legislativa). Você sabia que a primeira pixação que se tem notícia no Brasil foi em 1968 o famoso "Abaixo a Ditadura", etrenizado por Raul Seixas nos versos "quem não tem papel dá recado pelo muro"? A pixação sempre foi uma arma política e esses moleques (já tá virando refrão) estão desde o primeiro ato. Agora que a mídia "abraçou" a causa eles não são mais bem vindos? A "consciência" era tanta que os mesmos "punks" que cantava oportunistamente "sem partido" aproveitando a despolitização da massa recém egressa, em instantes cantava "eu sou brasileiro, com muito orgulho" e o hino nacional? Que porra é essa? O cara é "anarquista" mas se vangloreia de suas fronteiras imaginárias (para ter fronteira tem que ter pelo menos dois governos!!!) e de símbolos pátrios? Os primeiros que nos apoiaram foram os turcos e estrangeiros, quando aqui ainda éramos "vândalos" e o ministro da Justiça oferecia a Policia Federal e o Exército para o Estado nos reprimir, com total subserviência e apoio dos trolls feiciboquianos. Alguém já viu algum hino mudar algo, exceto na França onde as pessoas levaram a "Marselhea" ao pé da letra e foram às armas? Como diria os Titãs "Não sou brasileiro, não sou estrangeiro, não sou de lugar nenum, nenhuma pátria me pariu".

A coisa estava tão estranha que num determinado momento um moleque saca um cartaz "Dilma chupa minha bola" no momento que passava uma caravana de um movimento feminista que o cercaram aos gritos de "machistas, fascistas, não passarão". A coisa mais politizada até aquele momento. E confesso que escrevo rindo, pois lembro da cara do garoto assustado, cercado por um monte de meninas "frágeis" linchando-o moralmente. Gol! Ainda há esperança. Aliás, há esperança pra caralho. Me incomodava ver o mundo inteiro se insurgir contra o pensamento único neoliberal e só aqui a gente "deitado em berço esplêndido" (para desespero da maioria dos nsacionalistas eu sei essa letra de cor, ao contrário deles que tanto a defendem). Sim, o povo acordou, mas o poder não dormiu. Querem nos dividir. Querem nos despolitizar. Querem desviar o foco até tudo dispersar sem nada mudar. Entregaram o anel para não perder o dedo, mas queremos suas mãos!

Não perderemos o foco: REVOGAR O AUMENTO E EXIGIR UM PROJETO POLÍTICO PARA O PASSE LIVRE!

Aproveite o momento histórico, crie sua pauta e convoque sua passeata pela bandeira, pela camisa branca, contra a violência, contra a corrupção, pela obrigatoriedade do uso do pó anti-séptico ou contra a não transmissão de jogos de críquete. Proteste pelo que você quiser, afinal o que queremos é justamente democracia. Mas não venha ser massa de manobra para tentar destruir por dentro um dos maiores movimentos populares já visto na nossa história recente. Aprenda que democracia é o povo na rua, o governo do povo pelo povo (pelo menos aquela que sonhamos)! Você que diz que acordou agora, acorda mesmo porra! Desde de Roma é assim: dividir e conquistar. Expulse quem está do nosso lado desde o começo para incluir alguns "moderados "sem vandalismo"". E lá vamos nos de novo voltar para o zero. Pois a primeira bomba de gás que estourar, não vai sobrar um almeidinha sequer fazendo pombinha com a mão e lá estarão os mesmos "vândalos" com e sem partido, com ou sem pixações defendendo nosso direito de acreditar, lutar, ir e vir e eles voltarão para suas vidas "burguesas sem sonhos que não sejam traduzíveis em bens materiais".

HASTA LA VITORIA, SIEMPRE! (não vou citar quem disse isso porque alguns leram na Veja que ele é do mal).

DIREITA, FASCISTAS, NÃO PASSARÃO!

sábado, 11 de maio de 2013

ALGUMAS CITAÇÕES QUE ME DEFINEM MELHOR QUE QUALQUER PALAVRA MINHA

"Aqui é CORINTHIANS, porra!" (Anônimo)

“Sem a MÚSICA, não haveria sentido em viver”.

“Deveis sentir-vos orgulhosos do vosso inimigo; então os triunfos dele serão também triunfos vossos”.

“Não vos aconselho o trabalho, mas a luta. Não vos aconselho a paz, mas a vitória. Seja vosso trabalho uma luta! Seja vossa paz uma vitória”.

“Desde que há homens, o homem tem se divertido pouco: é esse, meus irmãos, o único pecado original”. (Friedrich Whilhelm Nietzsche)

“Só a natureza é divina, e ela não é divina”.

“Há metafísica bastante em não pensar em nada”.

“Não tenho ambições, nem desejos / Ser poeta não é uma ambição minha / É a minha maneira de estar sozinho.”

(...) “Valeu a pena? Tudo vale a pena, se a alma não é pequena”.

“LOUCO, sim, louco, porque quis grandeza (...) // (...) Sem a loucura que é o homem / Mais que a besta sadia, Cadaver addiado que procria?”.

“Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte disso, tenho em mim todos os sonhos do mundo” (Fernando Pessoa em seus vários heterônimos).

“NO MESMO RIO ESTAMOS E NÃO ESTAMOS, SOMOS E NÃO SOMOS”. (Heráclito)

“Não sei se cegamos, penso que estamos cegos, cegos que vendo, não vem” (José Saramago)

“Sonho que se sonha só, é apenas um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade”.

“Não sei para onde estou indo, mas sei que estou no meu caminho / Enquanto você me critica eu estou no meu caminho.” (Raul Seixas e Paulo Coelho)

”Quando eu nasci veio um anjo safado (...) que determinou eu ia ser errado assim, (..) mas vou até o fim”

“Não chore ainda não, que eu tenho um violão e se a felicidade é de samba há de querer ficar”.

“Os escafandristas virão explorar / sua casa, seu quarto, suas coisas, sua alma, desvãos // Sábios em vão tentarão decifrar / o eco de antigas palavras / Fragmentos de cartas, poemas, mentiras, retratos / Vestígios de uma antiga civilização” (Chico Buarque)


“Lealdade, paciência, esperteza, teimosia e mais dia menos dia a lei da selva vai mudar // Todos juntos somos fortes, somos flecha, somos arco, todos nós no mesmo barco não há nada para temer, do meu lado há um amigo que eu tenho que proteger” (Chico Buarque, Luiz Enriquez e Sérgio Bardotti)

“Uma lei para leão e boi é opressão”

“(...) primeiro a noção que homem estava um corpo distinto da sua alma, está para ser excomungada; (...) fundir a aparente superfície sempre, e mostre o infinito onde estava escondido. Se as portas da percepção estiverem limpas (abertas) sempre aparecerá para o homem como ela é, infinita “. (William Blake)

“Fazíamos amor como dois músicos que se juntam para tocar sonatas. (...), o piano ia por um lado, e o violino por outro, e disso saia a sonata, mas veja, no fundo não nos encontrávamos. Eu descobri isso logo, (...) mas as sonatas são tão bonitas” (Julio Cortázar)

“Minha alma é um carrossel vazio no crepúsculo”. (Pablo Neruda)

“Um gênio é feito de 10% de inspiração e 90% de transpiração” (Tomas Edison, frase muiito usada por Tom Jobim, Stravinsky e Beethoven)

ENTRE MUITOS OUTROS QUE O ESPAÇO NÃO PERMITE CITAR...

SEU QUIXOTE DO BORRÃO

É meu caro Cervantes*
você descreveu como me sinto
há muitos anos
Lutando contra moinhos
sem ninguém te ouvir

Você acha que
seu Quixote se fodia
Veja minha luta
e perceba o que é estar fodido

Aboli o título aristocrático
meus moinhos
hoje são usinas nucleares
Meus sonhos
minhas armas
descarregadas

Meus textos estão na gaveta
minhas músicas
silenciosamente mudas na estante
meus amores
são vias de mão única

Ninguém me quer
Ninguém me ouve
Ninguém me segue
Nem direito a um Sancho
o destino me deu

Aliás,
estou com o corpo do Sancho**
sem Rocinante***
sozinho
caminhando sem chegar

Todos me acham (ou pelo menos me tratam como)
um trouxa a ser ignorado
ou ao menos desprezado
digno de pena
dotado da solidão.

Mundo individualista
Fascistas se organizando
Fanáticos religiosos juntos
Ganhou algo, conseguiu uma estabilidade
vire-se para si:
foda-se o "nós"
só vale o "eu".

Veja, meu caro Cervantes
sozinho, gordo, baixo,
desprezado e sonhando
meus moinhos hoje são usinas nucleares
E a usina me vence
de novo

E percebo
que não sou nada
que isso me sobra
Ídolos "endireitados"
O Rock'N'Roll ficou careta
e o Sexo e Drogas
virou fuga
de um sistema onde todos
se "degladeiam cortezmente"****

Sou pobre,
não sou nobre
não sou esperto
e estou aqui
me recuperando
das batalhas perdidas
sempre perdidas
sem cortes no pulso
mas com lágrimas nos olhos
condenado pelo destino
a ter consciência
a ter consciência

a ter consciência
de que não é nada
de que não vale nada
de que todos te desprezam
de que todos te ignoram

Ninguém te ama
Ninguém te quer
Ninguém quer te ouvir
Ninguém,
nem Sancho barrigudo

Mas só resta
se preparar para a
próxima batalha
contra todos os moinhos e usinas
para perder de novo

Para minha mãe
sou uma criança
Meu pai
me achava um preguiçoso
Dulcineia
tem mais o que fazer
O mundo
não "tem coragem de ouvir"*****
Sou um chato
ninguém quer estar perto
ninguém

Só por isso
Não sou ninguém
Não tenho dinheiro
não vou ser "artista"
só me restou chorar e chorar
e chorar

O vento do moinho
bate na minha cara
regela minhas lágrimas
me mostrando:
você perdeu
você perdeu
você perdeu
sua quixotesca luta
por um mundo melhor e mais sensível
pelo amor
você perdeu
não convenceu ninguém
nem a si mesmo...

Luiz Ricas 11/05/2013 10h15 aproximadamente e revisado às 13h52

* CERVANTES, Miguel de. Autor do livro "El ingenioso hidalgo Don Qvixote de La Mancha", de 1605. Livro que satiriza os romances de cavalaria e se tornou um dos mais lidos de todos os tempos até hoje.

** SANCHO PANÇA. Fiel escudeiro de Dom Quixote de La Mancha

*** ROCINANTE. Cavalo de Dom Quixote

**** citação de verso da letra da música do Tom Zé "São, São Paulo"

***** citação de verso da letra da música do Barão Vermelho "O poeta está vivo" em homenagem a Cazuza, cujo a letra faz um paralelo da atividade do poeta com a luta quixotesca.

terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Eu não sei o que é amar

Eu não sei o que é amar
só sei que quando sinto seu cheiro
ou o gosto dos seus lábios
ou quando meus olhos te vem
meu coração acelera
minha respiração falha
todas as funções do meu corpo se alteram
minha alma se agita
minha mente apaga todos os pensamentos que não estão em você

Eu realmente não sei o que é amar
Não sei o que é amar sem você

apenas acredito no deus Amor

Você quer me impor seus preconceitos
Você quer me impor sua sexualidade
Você quer me impor sua visão de  mundo
Você quer me impor sua revelação

Você segue líderes duvidosos
que apenas pregam o ódio
e apenas plantam a dor
e apenas colhem moedas de prata de traição

Você dissemina o ódio
Você dissemina preconceito
Você desagrega famílias
em nome do medo do desconhecido

E ainda acha que vai pro céu


E ainda acha que vai pro céu

Seu Deus prega ódio
seu Deus prega culpa
Seu Deus prega dor
E meu Deus é o amor

Sim eu acredito no Amor
Sim eu tenho fé no Amor

Sim eu acredito no Amor
Sim eu tenho fé no Amor

Apenas no amor eu acredito
Apenas o Amor me salva
Pode até chamá-lo de Deus
Mas apenas acredito no deus Amor